Governo Médici

O General Emílio Garrastazu Médici foi um militar e político brasileiro, um dos protagonistas do Golpe Militar de 1964 e terceiro presidente sob a ditadura, de 1969 a 1974.

Antecedentes do Governo Médici

Nascido no Rio Grando do Sul em 1905, Médici formou-se aspirante na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, e foi um dos apoiadores da Revolução de 1930, assim como um dos detratores de João Goulart, contra sua posse na ocasião da renúncia do então presidente Jânio Quadros.

Apoiou o Golpe Militar de 1964 em sua posição como comandante da Escola Militar das Agulhas Negras, e, com a posse de Costa e Silva, tornou-se chefe do SNI, o Serviço Nacional de Informações, agência brasileira que servia como órgão de espionagem externa e interna, e eventualmente tornou-se parte do aparelho repressor da ditadura. Na ocasião de sua indicação pela Junta Militar Provisória como sucessor de Costa e Silva, Médici reabriu o congresso e fez-se "concorrer" como candidato único da ARENA, recebendo 293 votos (os da ARENA), com os 75 membros do MDB recusando-se a votar.

A Presidência de Médici

Médici tomou posse em 1969 prometendo reestabelecer a democracia no Brasil até o final de seu mandato, que seria em 1974. Ao invés disso, manteve o AI-5 e recrudesceu a repressão, caçando as guerrilhas de esquerda no Brasil, e rebatendo acusações internacionais de tortura e assassinato com a justificativa de uma "grande conspiração comunista", que visava manipular a imprensa internacional contra o seu governo.

Seu governo também foi marcado pelo chamado "Milagre Brasileiro", um período de suposto crescimento econômico e desenvolvimento, que na verdade se provou uma bolha sustentada pela especulação e pelo aumento astronômico da dívida externa. O milagre acabou no Crash de 1974, com a alta repentina do petróleo de pouco mais de 3 dólares o barril para mais de 11 dólares, o que causou um salto na inflação de 15% ao ano para 34,5% ao ano, o começo de uma tendência que culminaria no período de ultra-inflação do final da década de 1980. Seu governo tornou-se muito popular graças à esta imagem de desenvolvimento, reforçada por um gasto exorbitante em propaganda, e em obras ditas "faraônicas", como o Programa Nuclear Brasileiro e a Rodovia Transamazônica.

Criou também o PRORURAL, programa que concedia benefícios como aposentadoria e plano de saúde para trabalhadores rurais, e o MOBRAL, programa idealizado pelo tenente-coronel Jarbas Passarinho, então Ministro da Educação, para promover a alfabetização de jovens e adultos no interior do país. Também foi durante o seu governo que foram iniciadas as obras da Hidrelétrica Binacional de Itaipu, uma resposta às crescentes demandas por energia elétrica causados pelo frenesi econômico durante o período do "Milagre Economico Brasileiro".

Terminou seu mandato, em 1974, sem cumprir sua promessa de redemocratização, e cedeu o posto ao sucessor indicado pelo exército, o também general Ernesto Geisel.

Exercícios sobre o Governo Médici

(FGV-SP) Durante a Ditadura Militar, a economia brasileira apresentou um desempenho extraordinário no período conhecido como "Milagre econômico" (1969-1973), em que o PIB cresceu a uma taxa média anual de 11,2%. Sobre a política econômica desse período, é possível afirmar:

  1. Foi implementada sob a direção do ministro Delfim Netto.
  2. Teve como importante resultado uma distribuição de renda eqüitativa.
  3. Expandiu o crédito ao consumidor para elevar o consumo interno de produtos industriais.
  4. Foi a solução adotada para enfrentar o aumento drástico do preço do petróleo no mercado externo.

As afirmativas corretas são:

  • l e ll
  • I, II e III
  • II, lll e IV
  • I e lll x
  • II e IV

(MACKENZIE) A respeito do "milagre econômico" do governo Médici (1969-1974), são feitas as afirmações seguintes. Assinale a(s) correta(s).

  • O “milagre” representou um período de altas taxas de crescimento do PIB (de até 14%), com avanços extraordinários na indústria, na agricultura e no comércio. x
  • A política econômica baseou-se, simultaneamente, na concessão de subsídios e incentivos fiscais às indústrias e na imposição do arrocho salarial aos trabalhadores. x
  • Os avanços econômicos conduziram o Brasil à situação de oitava economia mundial, condição amplamente utilizada como propaganda pelo regime militar. x

(FUVEST) A vitória do Brasil na Copa do Mundo de 1970

  • não teve qualquer repercussão no campo político, por se tratar de um acontecimento estritamente esportivo.
  • alentou o trabalho das oposições que deram destaque à capacidade do povo brasileiro de realizar grandes proezas.
  • propiciou uma operação de propaganda do governo Médici, tentando associar a conquista ao regime autoritário. x
  • favoreceu o projeto de abertura do general Geisel, ao criar um clima de otimismo pelas realizações do governo.
  • alcançou repercussão muito limitada, pois os meios de comunicação não tinham a eficácia que têm hoje.

(UFPR) Leia o texto abaixo.

"Sob o lema 'segurança e desenvolvimento', Médici dá início, em 30 de outubro de 1969, ao governo que representará o período mais absoluto de repressão, violência e supressão das liberdades civis de nossa história republicana (...). De outro lado, o país vive a fase do 'milagre econômico', dos projetos de impacto e das obras faraônicas (...) num clima de ufanismo insuflado pela propaganda oficial, com a imprensa amordaçada pela censura." (ARQUIDIOCESE de São Paulo. Brasil: nunca mais. 12. ed. Petrópolis: Vozes, 1985. p. 63.)

Sobre esse período, assinale a(s) opção(ões) correta(s):

  • O lema "segurança e desenvolvimento" correspondia aos ideais da chamada Doutrina de Segurança Nacional, que não poupava atitudes autoritárias para controlar a sociedade civil e a opinião pública, evitando qualquer crítica ao sistema político e econômico. x
  • O governo Médici beneficiou-se do Ato Institucional no 5, promulgado no fim de 1968, que decretava um conjunto de medidas de controle político e social na nação brasileira, visando impedir o crescimento da oposição de esquerda ao regime militar implantado em 1964. x
  • Apesar da propaganda oficial do regime militar, a ARENA, partido que representava formalmente o governo, sofreu uma drástica derrota nas eleições de 1970 e 1972, o que levou ao fechamento do Congresso.
  • Apesar de seu caráter autoritário, o governo Médici contou com o apoio de setores da população, devido, em boa medida, à propaganda nacionalista e ao crescimento econômico. x
  • A imprensa ufanista defendia a supressão das liberdades civis em nome do lema "Brasil, ame-o ou deixe-o".

(UFF-RJ) "Brasil, ame-o ou deixe-o" foi um dos célebres 'slogans' do regime militar, em torno de 1970, época em que o Governo Médici divulgava a imagem do "Brasil Grande" e proclamava o "Milagre Econômico" que faria do país uma grande potência. Assinale a opção que melhor caracteriza a política econômica correspondente ao chamado "Milagre".

  • Fusão do capital industrial e do bancário, gerando monopólios capazes de impor preços inflacionários, dos quais resultaram o crescimento econômico e o aumento do mercado consumidor nos grandes centros urbanos.
  • Desenvolvimento de obras de infra-estrutura, a exemplo de hidrelétricas e rodovias, com base na poupança nacional e no investimento de bancos públicos.
  • Crescimento econômico e aquecimento do mercado de bens duráveis ancorados em políticas salariais redistributivas e na indexação de rendimentos do mercado financeiro.
  • Elevados investimentos no setor de bens de capital e na indústria automobilística combinados a uma vigorosa agricultura comercial de médio porte.
  • Incentivo à entrada maciça de capitais estrangeiros combinada ao arrocho salarial, resultando em elevados índices de crescimento econômico e inflação baixa. x
Bibliografia
  • KOIFMAN, Jorge. Presidentes do Brasil.

Pedro Padovani

História - USP

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