O Ciclo do Café é o nome dado ao período da história brasileira em que o plantio do café no sudeste foi a principal atividade econômica do país, sobretudo devido à grande e fértil área de cultivo no Brasil, o que permitia ao país controlar quase toda a oferta de café no mercado mundial, regulando assim os preços através de um mecanismo de cartel, e obtendo grandes lucros.
O plantio do café, planta originária da Etiópia, foi introduzido ainda no período colonial, com a primeira horta pertencendo ao Sr. Melo Palheta, um comerciante residente em Belém, então capitania do Grão-Pará, através de sementes adquiridas na Guiana Francesa. Daí o café se espalhou em pequenas plantações pelo litoral da colônia, mas em geral para consumo pessoal, e com pouca produção excedente para comércio.
Em 1808, com o início do Período Joanino, a demanda por café cresceu com a chegada de boa parte da burocracia portuguesa. O café então passou a ser plantado para o comércio intra-colonial, sobretudo na região do Vale do Paraíba Fluminense, no atual estado do Rio de Janeiro.
Durante a Guerra de Independência dos Estados Unidos, estes se tornaram grandes consumidores de café para substituir o chá, que se tornara escasso devido a guerra contra a Grã-Bretanha. Na França também espalhou-se a moda do café, sobretudo devido a exportação de sua colônia na Martinica. Assim a demanda mundial do café foi crescendo praticamente ininterruptamente, e com a independência do Brasil em 1822, as plantações foram se espalhando pelo sudeste, com grandes latifúndios se formando no Espírito Santo, Rio de Janeiro e Paraná, mas sobretudo em Sâo Paulo, que tornou-se a maior região de produção de café do império, e conseqüentemente a maior geradora de riquezas.
Com a produção em larga escala, os cafeicultores logo se articularam, e passaram a regular a oferta mundial de café de modo a subir os preços até o ponto que desejavam antes de vender, obtendo assim lucros gigantescos.
Durante mais de 70 anos, entre 1820 e 1900, a oferta brasileira de café cresceu muito, e, embora a demanda mundial tenha crescido menos, o controle da oferta e a cartelização da economia cafeeira conseguiram acomodar a nova produção e manter taxas similares de lucro, e conseqüentemente o padrão de vida e o poder político da elite cafeeira.
Contudo, o crescimento da demanda de café dependia em grande parte do crescimento populacional dos países consumidores. A taxa de crescimento dos países europeus passou a diminuir no final do séc. XIX, enquanto a oferta brasileira não diminuía seu ritmo de crescimento, o que foi causando a gradual desvalorização do café a partir da primeira crise, em 1893.
Antecipando mais um crescimento baixíssimo da demanda e a colheita da maior safra de café já produzida até então, em 1906 reuniram-se os presidentes dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, os três maiores estados produtores de café, para discutir medidas contra a desvalorização. Dessa reunião saiu o documento conhecido como o Convênio de Taubaté, que estipulava as seguintes medidas a serem tomadas pelo governo federal (que era dominado pelos políticos desses estados):
A política, apesar do relativo sucesso inicial, tinha falhado completamente pelo fim da década de 1920, devido principalmente a dois fatores:
Além disso, essa política desencorajava totalmente o plantio de novas culturas e as tentativas de diversificar o quadro de exportações brasileiro, o que levou a um profundo condicionamento da economia brasileira a um único produto, e, quando este entrou em uma profunda crise, o mesmo aconteceu com toda a economia do país.