Bandeiras

As chamadas "Bandeiras" foram movimentos exploratórios (em ambos os sentidos) que partiram sobretudo do atual estado de São Paulo (inicialmente a capitania de São Vicente) em direção ao interior do Brasil, em busca de ouro e escravos. Esses movimentos duraram do final do séc. XVI até o começo do séc. XVIII.

Diferença entre Entradas e Bandeiras

  • Entradas: movimentos promovidos pelo governo de Portugal com objetivo de expandir o território;
  • Bandeiras: expedições particulares, financiadas com dinheiro próprio, com objetivo de obter lucros.

Os Tipos de Bandeiras

As bandeiras eram sempre movimentos direcionados ao interior da américa do sul, proveniente sobretudo das costas sudeste do Brasil, com destaque especial à Capitania de São Vicente. Esses movimentos eram de caráter puramente econômico, e eram muitas vezes patrocinados pela Coroa e seus intermediários, ou por notáveis da região como forma de investimento.

Essas bandeiras foram categorizadas posteriormente em três tipos principais:

  • Bandeiras de "apresamento": tinham como objetivo a captura de índios para serem usados como mão-de-obra escrava;
  • Bandeiras de prospecção: destinadas a encontrar recursos minerais rentáveis, sobretudo minas de ouro, prata, cobre ou pedras preciosas;
  • Bandeiras de contrato: destinadas à destruir quilombos e recapturar escravos fugidos.

A partir de 1619, com a intensa formação dos assentamentos jesuíticos, comunidades de índios catequizados que trabalhavam para a igreja mediante pagamento, combinado com o aumento da demanda por mão-de-obra e o alto custo dos escravos africanos, iniciou-se um quarto tipo de bandeira, efetivamente uma transformação do primeiro: as bandeiras de preação, que tomavam os assentamentos jesuítas de assalto e capturavam os índios conversos. Essas bandeiras eram oficialmente condenadas, mas na prática incentivadas e patrocinadas pelos latifundiários locais, sobretudo senhores de engenho.

Conforme o território do que viria a ser o Brasil de hoje ia se consolidando, e a oferta de mão-de-obra escrava africana aumentando e seus custos proporcionais diminuindo, as bandeiras foram aos poucos perdendo seu propósito, com as últimas se organizando em torno da prospecção nas Minas Gerais na década de 1720.

Importância e Consequências das Bandeiras

As principais conseqüências das bandeiras foram a exploração e consolidação do território nacional, sobretudo frente aos espanhóis, o fornecimento de mão-de-obra através da captura de índios e destruição de seus assentamentos, o que cumpria também a função de permitir mais facilmente o estabelecimento e a expansão das vilas portuguesas no interior do território; e o fortalecimento da economia e da ordem estabelecida através da destruição dos quilombos.

Além disso, os bandeirantes se tornaram mitos nacionais e são vistos como heróis paulistas, contribuindo para a formação da identidade nacional brasileira, com nomes como Manuel da Borba Gato, Bartolomeu Bueno da Silva (o Anhanguera), Fernão Dias, entre outros.

Bibliografia
  • TAUNAY, Afonso d’Escragnolle. História Geral das Bandeiras Paulistas.

Pedro Padovani

História - USP

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