Peste Negra

A Peste Negra foi uma das mais mortíferas pandemias (uma epidemia envolvendo vários continentes) da história da humanidade. Originária da Ásia Central, ela rapidamente se espalhou por toda Ásia e Europa continentais, fazendo mais de 100 milhões de vítimas.

Causas da Peste Negra

Embora na época as causas da Peste fossem atribuídas à diversos ocasos de natureza mística (punição divina, alinhamento de certos planetas, etc.) nos dias de hoje a explicação mais aceita é de que a epidemia começou como um surto de peste bubônica na Ásia Central, e se espalhou por meio de rotas comerciais e migratórias através de pulgas nativas da região que infectaram os ratos que infestavam as caravanas e os navios comerciais.

Além da forma mais comum da peste bubônica, que possui uma taxa de mortandade de 70 a 80%, quando não tratada, a mesma bactéria responsável, Yersinia Pestis, também causa a chamada Peste Pneumônica, com mortandade de 90%, e a mais rara Peste Septisêmica, com mortandade de 99 a 100%. A combinação dessas três doenças, frutos de um mesmo vetor de contágio, juntamente à outras doenças "auxiliares" como a disenteria, que muitas vezes se manifestava no mesmo paciente, contribuiu para a gigantesca mortandade, principalmente atestada na Europa continental.

Vale ressaltar também que, embora a Peste Negra em si tenha sido um fenômeno de umas poucas décadas em meados do séc. XIV, tanto a Europa quanto a Ásia tiveram epidemias intermitentes da peste bubônica e de outras doenças, como a cólera ou o tifo, atestadas por fontes em todo o período que vai do séc. VII ao séc. XIX.

A Epidemia

A epidemia em si surgiu na Ásia Central na década de 1340, e, através da Rota da Seda, a maior rota comercial da Ásia, chegou ao Levante (atual Síria e Israel) e à Crimea (sul da atual Ucrânia), já em 1346. De lá, chegou à Constantinopla através dos navios que abasteciam a cidade de trigo, e uma vez lá infectou as tripulações dos navios Genoveses que lá faziam comércio, levando a praga até a Itália e assim sucessivamente, até infectar as regiões mais remotas da Europa, como as Orkney e Shetland (ilhas pertencentes atualmente à Escócia) e a Lapônia, atual divisa entre a Suécia e a Finlândia.

As Consequências da Peste Negra

Sem dúvida a maior consequência da Peste Negra foi seu impacto sócio-econômico mundial, causado pela grande mortandade sobretudo na Europa e na Ásia. Estima-se que a população mundial tenha se reduzido de pouco mais de 400 milhões para 300 milhões, uma perda de mais de 25%. As regiões mais afetadas foram Florença, que perdeu 58% de sua população, o Egito, que perdeu pouco mais de 40%, e as cidades alemãs de Bremen e Hamburgo, que perderam mais de 60% cada uma.

A Peste também teve outras consequências de impacto, sobretudo quanto à interpretação de seu significado. Alguns culpavam grupos específicos, como os Judeus, os Ciganos ou mesmo os leprosos pela causa da peste, causando perseguições que mataram centenas de milhares de indivíduos dessas populações, aumentando ainda mais a quantidade de mortes indiretas causadas pela pandemia.

Finalmente, a Peste também teve um grande impacto cultural, sobretudo na literatura, onde foi um tema chave das obras mais célebres dos autores da época, como Bocaccio, Petrarca, Chaucer e Pushkin, e na pintura, com obras de Konrad Witz, Bernt Nötke e Hans Holbein, entre outras.

BIbliografia
  • CANTOR, Norman. In the Wake of the Plague: The Black Death and the World It Made.

Pedro Padovani

História - USP

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