Egito Antigo

O que chamamos "Egito Antigo" foi uma série de entidades político-territoriais presentes no nordeste da África, existindo sob várias formas mais ou menos independentes de 3100 a.C. até 525 a.C., portanto por mais de 2 milênios. A maneira com que essas entidades se organizavam variou muito ao longo do tempo, levando muitos inclusive a questionar se a expressão "Egito Antigo" é válida. A periodização pode ser divida em três grandes fases: A primeira inclui o "Primeiro Período Dinástico", o "Reino Velho", e "Primeiro Período Intermediário". A segunda inclui o "Reino do Meio" e a "Fase Hicsa" ou "Segundo Período Intermediário". A terceira inclui o "Novo Reino" e o "Terceiro Período Intermediário".

Primeira Fase

A Primeira Fase tem início em 3100 a.C., quando os reinos do Alto e do Baixo Egito são unificados na coroa dupla, possuindo um só faraó, iniciando o "Primeiro Período Dinástico". Esse período é marcado pelo surgimento das mastabas, túmulos funerais mais elaborados para os governantes e altos funcionários, pela agricultura de cereais em larga escala, que possibilitou a expansão militar e comercial egípcia. Em 2686 a.C., quando assume o faraó Djoser, começa o período conhecido como "Reino Velho", que é marcado pela construção das famosas pirâmides do Egito, desde as mais simples, como as de Djoser, até as de Gizé, Quéfren e Quéops, extremamente elaboradas. Essa fase também é marcada pela sistematização da cobrança de impostos, e uma enorme expansão do comércio terrestre e marítimo, que passou a incluir cedro da Fenícia (atual Líbano) ouro e marfim da Etiópia, e pedras preciosas da Mesopotâmia.

Entre 2200 e 2150 a.C. cai o Reino Velho, sendo seguido por um longo período de guerras civis pelo direito de sucessão ao trono e fome. Esse período é chamado de "Primeiro Período Intermediário", nesse período a cultura egípcia tornou-se stagnada e o país fragmentado, sendo governado simultaneamente por duas dinastias diferentes em diferentes partes do país, provindas de Tebas e Mênfis, respectivamente, com poucos perídos de trégua.

Segunda Fase

Eventualmente um faraó da dinastia de Tebas, Mentuhotep II, derrotou a dinastia de Heracleopólis, reunificando o Egito. Deu início ao período chamado "Reino do Meio", que foi marcado por grandes avanços culturais, como o início da literatura egípcia, e uma enorme expansão militar, conquistando a Núbia, ao Sul, e a península do Sinai, chegando até as bordas da Palestina.

Quando a décima segunda dinastia vê-se sem herdeiros, em 1802 a.C., começa o "Segundo Período Intermediário", com uma lenta fragmentação do poder com a emergência, de, como havia acontecido no "Primeiro Período Intermediário", duas dinastias que competiam pelo território egípcio. A situação foi agravada ainda pelo surgimento dos Hicsos, que conquistaram e dominaram o egito por mais de 100 anos, 1674 a 1535 a.C. Vale ressaltar que há grande debate entre os historiadores se, apesar de sua avançada tecnologia militar, como a cavalaria, o arco composto e o capacete de metal, os Hicsos teriam realmente invadido o Egito, ou se teriam sido aceitos gradualmente como mercenários e depois passado a dominar o país depois de um golpe de estado.

Terceira Fase

A terceira fase inciou-se quando os Hicsos são expulsos do território egípcio pelo último integrante da décima sétima dinastia, o faraó Kamose. Após a morte deste, seu irmão Amose I toma o poder e funda a décima oitava dinsatia, dando início assim ao período chamado de "Novo Reino". O novo reino é considerado o ápice do desenvolvimento egípcio, em todos os aspectos. É durante este período que o Egito torna-se um império, conquistando o reino de Kush ao sul (moderno Sudão do Norte), e toda a Síria e partes da Fenícia, chegando as bordas da atual Turquia. São desse período vários governantes notáveis, como Akhenaton, que inventou e converteu o Egito ao monoteísmo, seu filho Tutankhamon, que restaurou a religião antiga, o grande faraó guerreiro Ramses II, entre outros. Durante esse período a arte e a escultura egípcias chegaram à seu ápice, incorporando diversas cores e materiais diversos.

A partir de 1100 a.C., no reino de Ramses XI, o poder começa de novo a se fragmentar, com o "Terceiro Período Intermediário", e o Egito se vê novamente dividido. O território é brevemente reunificado de 946 a.C. a 922 a.C com o faraó de origem bérbere Shoshenq I, mas é novamente fragmentado com a sua morte em duas dinastias rivais. O Reino de Kush, aproveitando-se da fraqueza dos governantes egípcios, invade e instala sua própria dinastia no lugar, a vigésima sexta dinastia, que eventualmente se associa aos Assírios e ficam sob sua esfera de influência. Com o faraó Psamtik I, contudo, o egito reganha sua independência, se liberta do poder de Kush, e mais uma vez extende seu território, entrando num perído de prosperidade de quase 150 anos, de 664 a.C até 525 a.C.

Conquista Persa e Fim da Independência

Em 525 a.C., o poderoso rei persa Cambises II invade o Egito e, após a sangrenta batalha de Pelúsio, conquista o Egito e o incorpora ao império persa como uma satrapia, espécie de província. Apesar de numerosas rebeliões egípcias após esse período, sua independência havia efetivamente acabado. Os persas são mais tardes substituídos pelos macedônicos na forma da dinastia de Ptolomeu, que por fim, com a morte de Cleópatra VII, se torna uma posessão romana.

Veja também

Confira outras informações sobre os Persas.

Bibliografia
  • GRIMAL, Nicolas. A History of Ancient Egypt.

Pedro Padovani

História - USP

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