Darwinismo Social

O chamado Darwinismo Social foi o nome dado à uma escola, ou série de doutrinas, surgidas em finais do séc. XIX, que tinham em comum a proposição de que, assim como a seleção natural e a evolução se aplicavam à natureza, assim deveriam funcionar analogamente as sociedades humanas, de modo que os mais fortes deveriam ficar constantemente mais ricos e poderosos, e os mais fracos o inverso.

Herbert Spencer

Herbert Spencer foi um filósofo, biólogo, antropólogo e sociólogo inglês, que primeiro propôs, influenciado por Thomas Malthus, o conceito de evolução num contexto do caminho progressivo e do funcionamento de uma sociedade. Ele propunha que todas as sociedades humanas deveriam caminhar do modelo de "sociedade militante" para "sociedade industrial". A sociedade militante, pautada por noções rígidas de tradição e hierarquia, era a forma menos evoluída de sociedade, que tendia a caminhar para a sociedade industrial, complexa, pautada pela associação voluntária e pela racionalidade.

Portanto, quanto menos características "militantes", e quanto mais características "industriais" uma determinada sociedade apresenta, mais desejável e evoluída essa sociedade.

Francis Galton e a Eugenia

Já Sir Francis Galton, influenciado por sua vez por Spencer, era um antropólogo, explorador, geógrafo, inventor, naturalista e estatístico inglês, e um dos pioneiros da Eugenia, que é a teoria de que a sociedade deveria ativamente selecionar e intervir na reprodução dos cidadãos de modo à eliminar espécimes indesejáveis, promovendo assim a melhora da sociedade como um todo.

Para tal, Galton inaugurou estudos em que analisava tanto grandes amostras da população, em busca de características físicas e mentais, desejáveis e indesejáveis, e investigava a relação dessas características com a hereditariedade, principalmente através dos estudos de gêmeos, para que se determinasse até que ponto a hereditariedade poderia influir nas características do indivíduo.

Galton propunha então que a melhor forma de sociedade seria um em que a herança fosse abolida, e que cada cidadão tivesse garantida pelo estado a chance de se provar hábil em alguma coisa, e quanto mais hábil, mais recompensado pudesse ser, independente de outros fatores sociais ou tradicionais, como classe de origem ou nobreza. Segundo ele um sistema de "marcas" ou notas, seria implantado para classificar certas famílias com características desejáveis, que disporiam de incentivos monetários estatais, e os mais incapazes, ou indesejáveis, deveriam ser internados em monastérios ou equivalentes, onde levassem uma vida simples, e minimizassem o risco de reprodução.

A Eugenia de Galton foi famosamente adotada como bandeira pelos Nacionais Socialistas alemães nas décadas de 1930 e 1940, sob o lema "Alles Leben ist Kampf", ou "A Vida é uma Luta", simbolizando que cada cidadão deveria lutar constantemente para se superar dentro da sociedade, e que a sociedade inteira deveria lutar para superar outras sociedades, e assim por diante. A eliminação de "indesejáveis", pessoas com doenças congênitas ou comportamentos considerados aberrantes, como a loucura e a homossexualidade, contribuíam para esse objetivo.

O Darwinismo Social Atualmente

Após a Segunda Guerra Mundial, o Darwinismo Social foi praticamente execrado nos meios intelectuais, como uma ideologia "contaminada", que serviu de inspiração para os regimes fascistas que marcaram o entre-guerras. Contudo, essas ideias foram resgatadas por Anton LaVey, fundador da Igreja de Satã, ou Satanismo moderno. Seu livro principal resgata uma obra do final do séc. XIX, Might is Right, escrito por um autor desconhecido sob o pseudônimo Ragnar Redbeard, e que prega o hedonismo individualista como forma de manifestação suprema do indivíduo e suas capacidades.

Exercícios sobre Darwinismo Social

(Mackenzie)

Como a lei da gravitação universal de Newton, a Teoria da Evolução teve conseqüências revolucionárias fora da área científica. [...]

Alguns pensadores sociais aplicaram as conclusões darwinianas à ordem social, produzindo teorias que as transferiram à explicação dos problemas sociais. As expressões "luta pela existência" e "sobrevivência do mais capaz" foram tomadas de Darwin para apoiar a defesa que faziam do individualismo econômico.

Flávio de Campos e Renan Garcia - Oficina de História

O darwinismo social foi utilizado como argumento para justificar, no século XIX, o:

  • colonialismo.
  • imperialismo. x
  • liberalismo.
  • socialismo.
  • neoliberalismo.

(UNESP)

É difícil acreditar na guerra terrível, mas silenciosa, que os seres orgânicos travam em meio aos bosques serenos e campos risonhos.

("C. Darwin, anotação no Diário de 1839".)

Na segunda metade do século XIX, a doutrina sobre a seleção natural das espécies, elaborada pelo naturalista inglês Charles Darwin, foi transferida para as relações humanas, numa situação histórica marcada

  • pela concórdia universal entre povos de diferentes continentes.
  • pela noção de domínio, supremacia e hierarquia racial. x
  • pelos tratados favoráveis aos povos colonizados.
  • pelas concepções de unificação europeia e de paz armada.
  • pela fundação de instituições destinadas a promover a paz.

Pedro Padovani

História - USP

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