Revolução Farroupilha

A Revolução Farroupilha, ou Guerra dos Farrapos, foi uma sangrenta guerra civil ocorrida na província do Rio Grande do Sul, entre 1835 e 1845, opondo de um lado o governo imperial brasileiro e do outro a recém-proclamada República Rio-Grandense. A revolução foi, certamente, a maior das revoltas ocorridas durante o Período Regencial, no qual uma regência governava em nome de D. Pedro II, ainda menor de idade.

Causas da Revolução Farroupilha

Os principais motivos do estopim da rebelião foram, em linhas gerais, o ideário republicano presente na região, pela proximidade com as repúblicas platinas, uma tradição autonomista das elites locais combinado com o centralismo excessivo que marcou a política do inicio do período imperial e a vontade de parte das elites regionais de se unirem ao recém-independente Estado do Uruguai, assim como o sentimento de que o Brasil não protegia os interesses do Rio Grande além da fronteira, onde diversas escaramuças ocorreram e relatos de roubo de gado eram comuns. O principal motivo de curto prazo, entretanto, foi a taxação excessiva do charque (espécie de carne-seca muito utilizada na alimentação de escravos no período) rio-grandense em comparação com o charque dos demais estados platinos pelo governo imperial, o que gerava uma enorme desvantagem para o produto do Rio Grande em comparação com o produto estrangeiro, mas, por outro lado, oferecia uma vantagem comercial para os consumidores do nordeste e do sudeste, que podiam adquirir o charque estrangeiro por um preço muito mais barato, o que gerou um sentimento de alienação por parte das elites gaúchas, que se rebelaram.

Início da Revolução Farroupilha

Em 1835 o coronel Bento Gonçalves invade Porto Alegre com seus homens e depõe o presidente da província, cargo indicado pelo governo central. Depois de diversas negociações frustradas, em 1836 os rebeldes decidem, finalmente, pela secessão, declarando o Rio Grande do Sul um Estado independente e uma república, com Bento Gonçalves no cargo de presidente.

Consequências da Revolução Farroupilha

Com uma duração de 10 anos o conflito foi um dos mais sangrentos que o Brasil já enfrentou, contabilizando mais de 40.000 mortos e foi, certamente, a mais duradora guerra civil ocorrida na história do país, com diversos heróis para ambos os lados, como Bento Gonçalves para os "farrapos" e Luís Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Caxias, do lado imperial, diversas batalhas importantes, feitos militares incríveis e com a ilustre participação do general, aventureiro e condottiero italiano Giuseppe Garibaldi, do lado dos farrapos, decisivo na tomada da cidade de Laguna e na independência da província de Santa Catarina. Em 1845, no entanto, a República Rio-Grandense se via exaurida de recursos humanos e naturais e, vendo a política imperial tomar um curso muito mais federalista após a implementação do Ato Adicional, em 1834, e a ascensão de D. Pedro II ao trono, de fato, em 1840, as lideranças da Farroupilha optaram pela paz com o Império, tendo várias de suas revindicações iniciais atendidas, seus principais líderes anistiados e, finalmente, retornando à órbita imperial.

Bibliografia
  • PRIORE, Mary Del; VENANCIO, Renato Pinto. O livro de ouro da história do Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.
  • PICCOLO, Helga Iracema Landgraf. "Da descolonização à consolidação da República: a questão do separatismo versus federação no Rio Grande do Sul, no século XIX". Indicadores Econômicos FEE. Porto Alegre, 1993.

Rafael Ribeiro Andrade

História - USP

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