O Romantismo no Brasil inicia-se no ano de 1836, tendo como marco inicial a obra Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães. Didaticamente, na poesia, dividimos o movimento em três gerações: a primeira, nacionalista; a segunda, conhecida como ‘mal do século’; e a terceira, marcada pelo condoreirismo.
A primeira geração, fortemente influenciada pela Independência do Brasil, conquistada em 1822, buscava uma poesia que identificasse o país com suas raízes históricas, linguísticas e culturais, assim como o brasileiro buscava sua própria identidade neste novo Brasil, livre de Portugal. O sentimento de nacionalidade, o patriotismo e o desejo de construir uma arte brasileira propriamente dita, com elementos que remetiam ao passado histórico do país, eram muito fortes nas obras desta geração.
Marcada pelo indianismo, a poesia da primeira geração tinha temáticas que remetiam à natureza brasileira, exaltando-a e colocando todos os elementos à altura dela, fazendo comparações e metáforas com todas as riquezas naturais. O índio surge como um herói que representa o Brasil e os brasileiros, numa visão de realidade idealizada e subjetiva.
Destacam-se nesta primeira geração os poetas Gonçalves Dias, com obras como Canção do Exílio e I-Juca Pirama, e Gonçalves de Magalhães, com a Confederação dos Tamoios.
A segunda geração surgiu em meados da década de 50 do século XIX e, na contramão da primeira geração, traz uma poesia onde o eu-lírico volta-se mais para si, afastando-se dos acontecimentos políticos e sociais da época. Com inspiração de Lord Byron, poeta britânico, a poesia da segunda geração tinha em suas temáticas o pessimismo, o apego aos vícios e o foco nos sentimentos, que apareciam de forma exagerada e idealizada na poesia.
Também temos o gosto pela noite, a melancolia, o sofrimento, temáticas mórbidas e o medo do amor, este sendo um sentimento idealizado, um devaneio onde existem imagens sensuais e eróticas que nunca são vivenciadas e vistas na realidade do eu-lírico, que vive em meio à solidão, sonhos e idealizações.
O grande nome desta fase é Álvares de Azevedo, com sua Lira dos Vinte Anos e a prosa Noite da Taverna, que destoa dos tipos de prosa do Romantismo, tendo nesta obra as características da segunda geração poética. Além deste, temos também Casemiro de Abreu, que, ao contrário de Álvares, estava mais encaixado no gosto do público, não entrando em temáticas tão mórbidas. Por último, temos Fagundes Varela, poeta em transição, com algumas poesias que começavam a voltar seu olhar para a sociedade.
A terceira geração romântica surge em meados de 60 e dura até o fim do Romantismo, em 1880. Com inspiração em Victor Hugo, esta geração traz uma poesia com foco político e social, marcada pelo momento em que as ideias abolicionistas e republicanas vinham à tona e. o desejo de libertar-se da realidade atrasada do Império era forte.
É uma fase que já anuncia a mudança para o Realismo, pois tirava o foco do ‘eu’ e colocava este foco no assunto e na realidade social, trazendo postura crítica e uma poesia liberal ao invés da simples exaltação e estagnação das primeiras gerações que trazia uma poesia exagerada e idealizada demais.
O nome condodeirismo não vem à toa: seguindo os ideais de liberdade, temos neste nome a figura do condor, ave que dava um alto voo, assim como os poetas o faziam ao sonhar alto e lutar pelos seus ideais libertários.
Nesta geração o nome mais famoso é o de Castro Alves, com seu épico O Navio Negreiro. Temos também Joaquim de Sousa Andrade e José Joaquim de Campos Leão.
(FUVEST/2001)
Teu romantismo bebo, ó minha lua,
A teus raios divinos me abandono,
Torno-me vaporoso... e só de ver-te
Eu sinto os lábios meus se abrir de sono.(Álvares de Azevedo, "Luar de Verão", Lira dos vinte anos.)
(UEL-PR/1999) Considere as seguintes afirmações sobre poetas do nosso Romantismo:
É correto o que está afirmado:
(FUVEST/1996) Tomadas em conjunto, as obras de Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e Castro Alves demonstram que, no Brasil, a poesia romântica: