O que chamamos de "Grécia Antiga" foi uma coleção de "cidades-estado" (pólis) que possuíam padrões culturais semelhantes, línguas similares (dialetos do grego) e se reconheciam mutuamente através da história como um mesmo povo. O estudo da Grécia Antiga é divido em dois períodos principais: O período Arcaico e o período Clássico.
A perído Arcaico marca um renascimento urbano, com o surgimento da pólis, e cultural, com o retorno da escrita. Anteriormente, havia existido na grécia a chamada civilização Micênica, que contava com palácios, templos, grandes cidades e uma escrita bem desenvolvida, mas que em torno de 1200 a.C. entrou em colapso e acabou desaparacendo, provavelmente devido à chamada invasão dórica, um das principais etnias que vieram a compor posteriormente o povo grego. Depois de um período denominado "Idade das Trevas Grega", que durou de 1200 a.C. até 800 a.C., tem início o período Arcaico, e com ele transformações profundas nas sociedades da Grécia.
Até então a maioria do povo grego consistia de pequenos agricultores, que cultivavam para sua própria subsistência. Esses agricultores, juntamente com uma parcela de caçadores, coletores e artesãos, se reuniam em pequenas vilas, e organizavam-se segundo tribos, ou seja, grupos familiares estendidos, muitas vezes descendentes de ancestrais comuns. Com o ressurgimento das cidades, em sua nova forma de pólis, ou seja, uma cidade que reinvidica um determinado território agricultável e mantém seu próprio exército de cidadãos, e é governada pelos mesmos, foi surgindo uma nova classe de aristocratas, em sua maioria agricultores que tinham direito à extensões maiores de terra devido à guerras e ao direito de butim, e portanto cultivavam alimentos com excedente suficiente para que se estabelecesse um comércio lucrativo.
A pólis, especialmente em sua fase arcaica e mais frágil, freqüentemente experimentava crises, e via-se diante de um (ou ambos) desses cenários: O primeiro é que a população poderia crescer disproporcionalmente à quantidade de terra que havia para ser conquistada ou herdada, e portanto, uma parcela dos cidadãos poderia passar fome ou experimentar situação de escassez permamente, o que levava à revoltas. Uma solução para isso era a fundação de colônias, em que a cidade reunia grupos de 100 à 300 jovens cidadãos e, chefiados por um ou mais aristocratas, partiam em busca de terras propícias para constituir uma nova pólis. As oportunidades para isso na grécia continental esgotaram-se rapidamente, e os gregos passaram a organizar expedições coloniais para terras cada vez mais distantes, e a rede de colônias se espalhou, desde o sul da atua Espanha e o norte da África até a costa sul do mar de Azov, na atual Ucrânia.
O segundo cenário dava-se quando a pólis possuía certas leis de herança ou de escravidão por dívidas, ou grande sucesso militar contra outros territórios, o que levava com freqüência alguns aristocratas a se tornarem donos de enormes extensões de terra, e assim acumularem imensa riqueza e poder dentro do corpo de cidadãos. A culminação desse processo era a usurpação dos direitos e do governo do corpo de cidadãos para si, e sua posse como "tirano", ou governante único, da pólis, muitas vezes delegando a fortuna e o poder hereditariamente. Várias tiranias se tornaram famosas no período, como os Baquíadas em Corinto, Psístrato em Atenas e Gelo em Siracusa. Algumas cidades ainda, como Mitilene, institucionalizaram a tirania, tornando-a um cargo de magistratura em que um cidadão era eleito governante em regime vitalício.
Ainda durante o período Arcaico, tem início as chamadas "Guerras Médicas" (nome dado em homenagem aos Medas, etnia dominante na Pérsia da época). O rei persa Dário I, após ter conquistado as cidades gregas da Ásia Menor, decide invadir a Grécia como retaliação à ajuda dada pelas cidades de Atenas e Erétria e suas aliadas às mesmas. Após abrirem caminho conquistando os povos ao redor do Helesponto (atual estreito de Dardanelos) e da Trácia em 492 a.C., em 490 a.C. Dário ordena uma invasão punitiva dos territórios de Erétria e Atenas. Erétria é atacada primeiro e sitiada, e, após 6 dias de cerco com perdas de ambos os lados, os persas conseguem subornar alguns aristocratas que abrem os portões para a força invasora. Erétria é arrasada e seus habitantes escravizados. A força invasora então se dirige para Atenas, mas os atenienses, cientes do fim que levou Erétria, decidem defender-se a qualquer custo, bloqueando os pontos de desembarque do exército persa, e assim vencendo a famosa batalha de Maratona.
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O período Clássico foi marcado por uma série de conflitos sangrentos na Grécia continental, tanto externos como internos. Ele começa com a invasão do rei persa Xerxes I da Grécia continental, em 480 a.C., para vingar a derrota de seu pai Dário nas mãos dos atenienses na década anterior. Desta vez, Xerxes está determinado a conquistar todo o continente grego, e seu exército era colossal, com fontes antigas afirmando que passava de 2 milhões de homens, embora o consenso entre os historiadores modernos seja uma figura em torno de meio milhão de homens e de 700 a 1200 navios. As principais pólis gregas da época, entre elas Esparta, Atenas, Corinto, Megara e Sicião, formaram uma aliança, e, unindo seus exércitos possuíam, de acordo com estimativas modernas, de 40,000 a 50,000 homens e pouco mais de 400 navios.
A guerra foi decidida em favor dos gregos em 4 principais batalhas. A primeira batalha das Termópilas, em que 300 Espartanos e um contigente aliado de 4,000 outros gregos impediram por 3 dias a invasão da região da Beócia, que dava acesso à maior parte da grécia ao sul, contra um exército de mais de 200,000 persas. A segunda foi a batalha naval de Artemisium, em que os gregos, com 270 navios atacaram toda a frota persa e afundaram mais de 200 navios, a custa de 100 dos seus. A terceira batalha foi a de Salamina, em que com pouco mais de 300 navios, os gregos novamnente atacaram a frota persa, e destuíram novamente mais de 200 navios perdendo só 40 dos seus, e pondo a frota persa em retirada, ilhando a força invasora em terra. A batalha final veio em Platéia, onde um exército de 38,000 gregos enfrentou e derrotou um contingente de mais de 100,000 persas, separados do exército principal, que teve que ser evacuado da região de Atenas após a perda da frota. Os gregos então passaram ao contra-ataque. Libertaram do jugo persa as cidades da Ásia Menor, de Chipre e do Helesponto. Atenas formou a liga de Delos, aliando-se às cidades gregas do Egeu e da Ásia, e mantendo a influência persa afastada.
Outro grande conflito foi a guerra do Peloponeso. Atenas conquistou grande riqueza e poder em seu papel como líder da liga de Delos na fase do contra-ataque contra os persas. Quando houve a trégua no oriente, em que os persas não estavam dispostos a contra-atacar e nem os gregos a avançar Pérsia a dentro, Atenas começou a utilizar-se destes recursos, o chamado "Império Ateniense", para intervir diplomaticamente e militarmente nos conflitos entre outras pólis. As cidades do Peloponeso então, principalmente Esparta e Corinto, formaram a liga do Peloponeso, para tentar contrabalançar a influência ateniense. A situação tornou-se insustentável quando Córcira, uma colônia de Corinto, rebelou-se contra esta última buscando o controle de uma outra colônia, Epidamno. Corinto foi de início derrotada e decidiu a favor da construção de uma imensa frota naval, que pudesse humilhar Córcira e retomar o controle naval da região. Os corcireus, alarmados com esse prospecto, pediram a intervenção de Atenas, que concordou. Isso resultou na batalha de Sibota, onde Corinto venceu as frotas combinadas de Atenas e Córcira, mas perdeu homens o suficiente para não conseguir reocupar a colônia. Atenas então, em represália, sitiou outra colônia de Corinto, Potidéia, e forçou a expulsar todos os coríntios de seu território, o que por sua vez causou uma intervenção militar coríntia, que resultou na batalha de Potidéia. Apesar de sua vitória nesta batalha, ela foi extremamente custosa para os atenienses, e drenou suas reservas monetárias para um futuro conflito.
Neste cenário, Corinto encaminhou um pedido formal para uma guerra da Liga do Peloponeso contra Atenas, em represália à violação ateniense de todos os tratados de autonomia e intervenção entre as duas partes. Esparta conduz a Liga do Peloponeso à guerra, e após 27 de anos de uma guerra que se espalha do Egeu até a Sicília, Esparta é vitoriosa na batalha naval de Egospótamos, graças ao almirante Lisandro.
Atenas, Esparta e Tebas são consideradas as pólis mais importantes e influentes do período clássico grego, e, embora fossem consideradas pólis, tinham sociedades organizadas de modo bem diferente.
Atenas, chamada por Péricles "A escola da Hélade", foi durante a maior parte do tempo no período Clássico, uma democracia. A noção de democracia original, grega, é contudo, bastante diferente da nossa. Atenas era divida em três classes diferentes: Os cidadãos, que tinham direito ao voto e de eleger magistrados, como generais e juízes, eram todos os homens, nascidos de pais atenienses que tivessem completado 21 anos e possuíssem uma fonte de renda, que era na maioria das vezes, uma porção de terra cultivada e herdada hereditariamente. A segunda classe, os metecos, eram estrangeiros que possuíam o direito de comércio na cidade e no Pireu, o porto de ateniense. Os metecos não podiam votar ou eleger magistrados, mas tinham o direito participar do sistema judiciário, ou seja, processar e ser processado, e eram obrigados a pagar impostos e servir no exército como os cidadãos. A terceira e última classe eram os escravos, que eram geralmente usados pelos cidadãos no cultivo de suas propriedades rurais, pela própria pólis para a extração de recursos valiosos como a prata, pelos metecos como trabalhadores em oficinas, como na produção de objetos cerâmicos, utensílios domésticos, e e mesmo armas ou armaduras, e na guerra como remadores na frota de navios.
Esparta, contudo, era bem diferente: Não era uma democracia, e sim uma diarquia, ou seja, tinha dois reis, cada um de uma das dinastias, os Ágidas e os Euripôntidas. Além dos dois reis, Esparta tinha um parlamento que consistia nos cidadãos velhos demais para servirem no exército, a Gerúsia, e o Eforato, que consistia de cinco cidadãos eleitos em assembléia popular que tinham a função de auxiliar os reis, em tempos de paz, o governar no lugar deles, enquanto eles estavam comandando exércitos em tempos de guerra. Esparta inicialmente era dividida em três classes, que durante o final da guerra do Peloponeso e o período hegemônico acabaram por transformarem-se em cinco.
A primeira classe era a dos cidadãos, também chamados Esparcíatas, que eram homens, filhos de pai e mãe espartanos que haviam completado a Agogue, tradicional educação espartana, que possuíssem propriedades herdadas e que contribuíssem uma soma fixa da produção para a alimentação comum de todos os cidadãos. A segunda classe era a dos periecos, que eram pequenos agricultores e artesãos que viviam em vilas e pequenas cidades em torno de Esparta, e possuíam autonomia em relação aos costumes espartanos desde que servissem no exército. A terceira classe era a dos hilotas, que eram servos, geralmente antigos agricultores sob domínio espartano que continuavam a cultivar as mesmas terras, que agora pertenciam à um cidadão, e davam-lhe uma quantidade pré-estabelecidade da produção agrícola, geralmente metade. Em tempos de necessidade os hilotas eram também forçados a servirem no exército.
A quarta e quinta classes foram desenvolvimentos tardios e indesejados, causados por fatores internos, como a lei de herança espartana, que resultou em concentração de renda e menos cidadãos, ou por necessidade militar. A quarta classe então foram os hipomeiones, ex-cidadãos que perdiam seus direitos e privilégios, como a posse de terras e o direito de ser eleito éforo ou oficial do exército, através do não pagamento do montante fixo de produção agrícola, geralmente por possuírem terras minúsculas, dividas em vários lugares, ou pouco férteis, que mal produziam o suficiente para alimentar a si mesmo e aos hilotas. A quinta classe foram os neodamodeis, hilotas que ganharam um status semelhante aos periecos e terras para cultivar fora de Esparta, em recompensa à bravura no serviço militar.
Sobre Tebas, sabe-se muito menos do que sobre as duas anteriores, devido, entre outros fatores, à perda de boa parte dos trabalhos de Aristóteles sobre a constituição das diversas pólis gregas. O que se sabe é que Tebas possuía um governo oligárquico, ou seja, as decisões eram tomadas por voto, mas só a parcela mais rica dos cidadãos tinha o direito de voto. Como nas outras cidades, os cidadãos tebanos também era homens e maiores de idade, mas podiam ser exclusivamente agricultores, podendo perder sua cidadania se fossem pegos em atividades relacionadas ao comércio ou ao artesanato. Tebas também possuía uma longa tradição de pederastia, isso é, de relação afetiva, e às vezes sexual, de cidadãos mais velhos com jovens prestes a se tornarem cidadãos, essa tradição levou inclusive à formação de um "batalhão sagrado", uma unidade militar de elite composta exclusivamente de casais de cidadãos ricos divididos por idade.
A cultura grega foi responsável por inúmeras contribuições ao modo como vivemos e percebemos o mundo, entre delas duas foram as mais importantes: A Filosofia e o Teatro. A Filosofia grega não era apenas, como hoje, um exercício sobre o pensamento e as questões fundamentais da humanidade, mas também incorporava o que hoje chamaríamos de matemática, física, biologia e astronomia. Dentre as principais correntes filosóficas gregas estava a Escola de Mileto, fundada por Tales de Mileto, que sustentou que toda a vida vem da água, inventou um sistema para a previsão de eclipses e conseguiu calcular a altura das pirâmides. Outra escola importante foram os Sofistas e seu fundador, Protágoras. Protágoras defendia que toda a virtude é relativa, e os valores morais dependem de cada homem, ao invés de serem absolutos.
Contudo, os três mais famosos filósofos gregos são os tidos "Socráticos": Sócrates, Platão e Aristóteles.
Sócrates foi o responsável pelo "método Socrático", uma forma de se chegar ao conhecimento através do debate de idéias opostas, e também pela invenção da "filosofia política", ou seja, o ramo do conhecimento que se dedicava aos homens e suas formas de governo e organização.
Já Platão foi o responsável pela noção dos conceitos abstratos, ou seja, palavras que representam a existência de idéias, e não de coisas materiais ou palpáveis.
Aristóteles por fim refinou a filosofia política e escreveu diversos tratados sob os governos das diversas pólis, e inventou a noção da finalidade da forma, ou seja, que assim como a semente é uma forma de árvore que não atingiu seu ápice, assim também o ápice do homem é viver na pólis.
Quanto ao Teatro, o consenso atual é que tenha se originado em Atenas, por volta de 530 a.C. O primeiro gênero a surgir foi a tragédia, que geralmente tratava de episódios ligados ao mítico e ao sobrenatural, as esferas fora do controle humano. Grandes expoentes da tragédia incluíram Ésquilo e Sófocles. A comédia, surgida depois, geralmente tratava do oposto, de situações engraçadas e banais, frutos do dia-a-dia e da esfera dos assuntos humanos. Autores de comédias famosas incluíram Aristófanes e Frínico.
Esparta, a partir de sua vitória em 404 a.C., inaugura o primeiro período hegemônico, em que ativamente intervém nas políticas das outras pólis, inclusive nomeando governadores militares e designando forças de ocupação onde houvesse qualquer suspeita de rebelião, efetivamente transformando boa parte da grécia em um "Império Espartano", que dura do final da guerra. até 371 a.C, quando ocorre a rebelião Tebana e a batalha de Leuctra.
Nesta época, Tebas, a pólis mais poderosa da Beócia, rebela-se contra Esparta e, graças a dois brilhantes comandantes militares, Pelópidas e Epaminondas, e à decadência do exército espartano, Tebas vence a batalha e inicia um período hegemônico próprio, que, embora não tão poderoso quanto o espartano, coloca-a em posição de primeira potência grega de 371 até 346 a.C.. Neste ano, Filipe II da Macedônia invade a Grécia e vence as pólis aliadas na batalha da Queronéia, encerrando definitivamente a era da independência grega e iniciando a era macedônica, que culminará com a ascendência de seu filho, Alexandre, que dará início ao chamado "período Helenístico".
(UFRGS) Na formação da cidade grega, a pólis esteve vinculada ao processo de desintegração dos clãs patriarcais, os genos. A constituição da pólis grega, com isto, supôs a desagregação desta estrutura tradicional e a formação de uma nova composição social representada pela existência de duas classes sociais antagônicas:
(MACKENZIE) Durante o período homérico, a sociedade grega organizou-se em pequenas comunidades denominadas genos. O auge desse sistema caracterizou-se:
(PUC-RS/Modificado) Assinale as alternativas corretas sobre a Grécia Antiga no período clássico.
(UNIFESP) A democracia na Grécia antiga esteve intimamente ligada:
(FGV-SP/Modificado) Assinale as afirmações corretas sobre a Grécia antiga.
(FGV-SP) A Guerra do Peloponeso, ocorrida na Grécia entre 431 e 401 a.C., foi:
(FGV-SP) A Civilização Helenística é resultado da fusão das culturas grega e do Oriente Médio a partir do séc. IV a.C. Nesse sentido, é correto afirmar que: