Cruzadas

As cruzadas foram operações militares organizadas pelos reinos da cristandade ocidental, em parceria com a Igreja Romana, com o objetivo de combater os inimigos da Igreja. Embora outras guerras santas tenham sido realizadas contra os mais diversos inimigos da Igreja Católica, nos mais diversos locais, incluindo cristãos ortodoxos na Europa Ocidental, "hereges" dentro do próprio Ocidente e até mesmo inimigos políticos da Igreja, as cruzadas foram somente as guerras santas realizadas no Oriente Médio, pois só essas operações tinham de único o fato de combinarem guerra e peregrinação na busca pela retomada dos lugares sagrados do oriente médio.

Objetivos das Cruzadas

As primeiras ideias de uma guerra santa contra os infiéis surgem no Ocidente em meados do século XI, quando o então Papa, Alexandre II, manifestou claramente apoio tanto à Reconquista Ibérica, tentativa de recuperar os territórios ibéricos conquistados pelos mulçumanos por parte dos pequenos reinos ao norte da península, como o Reino de Astúrias, quanto às tentativas de reconquistar demais terras perdidas para os "infiéis" mulçumanos.

A ideia de uma expedição militar conjunta à "Terra Santa" por parte de um exército composto de diversos reinos cristãos sobre comando da Igreja, porém, só foi primeiramente desenvolvida durante o papado de Gregório VII, após a implacável derrota do Império Bizantino na desastrosa Batalha de Manzikert, um retumbante fracasso militar frente aos Turcos Seljúcidas, que permitiu aos turcos uma possibilidade de assentamento duradouro na Anatólia. Gregório esperava conduzir pessoalmente 50.000 soldados europeus até Jerusalém, afirmando que o paraíso os recompensaria caso morressem no caminho. Crises internas e disputas com o imperador do Sacro Império Romano Germânico, entretanto, impediram que o Papa realizasse essa expedição.

Em 1095 finalmente um Papa, Urbano II, declara publicamente a vontade da Igreja na recuperação da Terra Santa, oferecendo como recompensa aos exércitos que atenderem aos seus pedidos a remição de seus pecados, sendo a viagem para Jerusalém uma forma de peregrinação e penitência. Entre as justificativas para a cruzada estão, além do objetivo principal que é a recuperação dos lugares santos, o crescimento populacional da Europa, que leva uma população nobre sem feudos a buscar na Palestina novas terras para produzir, e a existência de diversas tensões entre nobres devido a lei da primogenitura, que atestava que somente o primeiro filho podia herdar as propriedades do pai, o que levava muitas vezes o segundo ou terceiro filho a buscar glória e riquezas como cavaleiro errante.

As Cruzadas

Quatro anos depois, em 1099, a Primeira Cruzada é bem-sucedida e recupera Jerusalém e a maior parte das "cidades santas" das mãos do Califado Fatímida, estabelecendo diversos reinos cristãos na região, em especial o Reino Latino de Jerusalém e dando inicio a diversos movimentos de peregrinação e comércio em direção à região, que durariam pelo menos mais 200 anos.

As cruzadas são tradicionalmente divididas em 8, sendo que todas depois da primeira tiveram como objetivo a reconquista dos territórios tomados pela Primeira Cruzada, posteriormente reconquistados pelos turcos, nenhuma obtendo nenhum sucesso relevante. As 8 cruzadas, porém, não dão conta do processo migratório permanente para a Terra Santa, principalmente durante a existência do Reino Latino de Jerusalém, do número massivo de peregrinações em direção à região e nem do enorme sucesso comercial obtido ao se reconquistar as rotas utilizadas por mercadores mulçumanos que iam em direção ao Oriente. Por esses aspectos as cruzadas podem ser consideradas um sucesso.

Bibliografia
  • FLORI, Jean. "Jerusalém e as Cruzadas", In: Dicionário Temático do Ocidente Medieval. LE GOFF, Jacques e SCHIMIT, Jean Claude(coordenador de tradução Hilário Franco Júnior). São Paulo, Edusc-Imprensa Oficial, 2002.

Rafael Ribeiro Andrade

História - USP

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