A chamada "Revolução Pernambucana", também conhecida como "Revolução dos Padres", foi uma revolta ocorrida no nordeste brasileiro, caracterizada por ser parte de uma série de "movimentos autonomistas", de caráter republicano e nativista, já que se opunha ao governo português. A revolta visava a independência da colônia e a proclamação da república, medidas foram levadas à cabo com a criação da República Pernambucana.
As causas da revolta são muitas, mas podem ser atribuídas a três fatores principais:
Algumas das causas mais diretas ligadas à esses fatores são:
Nessa conjuntura, começa a revolta quando, em 1807, um grupo de rebelados, entre eles o regimento de artilharia do capitão José de Barros Lima, apelidado "o Leão Coroado", toma Recife à força, e prende os principais representantes do governo, entre eles o governador da província, Caetano Pinto de Miranda Montenegro.
Então, apoiando-se nas lideranças civis de Domingos José Martins e Antônio Carlos de Andrada e Silva, e com o apoio de Frei Caneca e de segmentos da Igreja Católica, os rebelados apossam-se do tesouro da província e usam-no para proclamar a Repúlica Pernambucana em 7 de março de 1817. Em 29 de março é convocada a Assembléia Constituinte, que estabelece a separação dos três poderes, um conselho de representantes eleitos de todas as comarcas, a liberdade de culto e de imprensa, e a abolição dos impostos nacionais.
Em abril de 1817, os revolucionários enviaram emissários às outras províncias, com o intuito de angariar apoio à revolta, contra qual uma reação do governo, na forma de uma expedição militar, já ia se ensaiando. Em maio, foi enviado como embaixador Antônio Gonçalves Cruz aos Estados Unidos com o objetivo de comprar armas e contratar mercenários para auxiliar no combate pela Revolução, e recrutar alguns oficiais exilados de Napoleão para libertá-lo da ilha de Elba, de forma que pudesse lutar pelos revolucionários antes de retomar o trono francês.
As missões enviadas em busca do apoio das províncias falharam, salvo pela breve tomada de Natal pelo latifundiário André de Albuquerque Maranhão, que durou apenas poucos dias devido à falta de apoio dos outros setores do Rio Grande do Norte. Uma expedição então enviada da Bahia pelo governador, o Conde dos Arcos, tomou as principais vilas do interior e, apesar das baixas sofridas na batalha de Ipojúca, cercou Recife no início de maio. Com a chegada de reforços na forma de um destacamento naval do Rio de Janeiro, que bloqueou o porto da capital pernambucana, Recife foi evacuada, e tomada em 19 de maio sem resistência. Os mercenários americanos e os ex-oficiais de Napoleão só chegaram meses mais tarde, e foram presos imediatamente ao desembarcarem.
Para coibir futuras revoltas, a província de Pernambuco foi desmembrada, passando a se dividir nas províncias da Paraíba, do Ceará e de Alagoas, além da muito encolhida província de Pernambuco. O acontecimento também serve para ilustrar o grande alcance que tiveram as ideias iluministas da Revolução Francesa no Brasil da época.