Confederação do Equador

Como a Revolução Pernambucana, a "Confederação do Equador" foi uma revolta que ocorreu no nordeste brasileiro, de caráter autonomista e republicano. A revolta almejava a criação de um estado independente, própria Confederação, com capital em Recife, e possuindo como território o equivalente à antiga província de Pernambuco, desmembrada após a Revolução Pernambucana em 1817.

Causas da Confederação do Equador

Além de algumas causas comuns com aquelas da Revolução Pernambucana, como a situação do açúcar e do algodão no mercado internacional e a influência dos movimentos intelectuais do séc. XVIII, notavelmente as idéias do iluminismo francês, uma nova frustração recai sobre as elites pernambucanas em 1823. Ao invés das medidas que esperavam com a independência de Portugal e a criação do Império do Brasil em 1822 sob D. Pedro I, principalmente a criação de uma constituição federalista que permitisse, como no caso dos Estados Unidos, uma larga autonomia econômica e legislativa para as províncias, foram surpreendidos primeiro com a dissolução da Assembléia Constituinte pelo imperador em 1823 e depois pela promulgação de uma constituição altamente centralizadora em 1824 (ver Constituicao de 1824).

Pernambuco ficou assim divida em duas facções: Os monarquistas, partidários do imperador e defensores da centralização política, liderados por Francisco Paes Barreto,e os liberais republicanos, liderados por Manuel de Carvalho Paes de Andrade e por Frei Caneca.

A Revolução

Após a dissolução da Assembléia Constituinte em 1823, o imperador nomeou como presidente (o equivalente a governador) da província de Pernambuco o monarquista Paes Barreto, à revelia dos liberais republicanos e seus apoiadores. Em resposta, estes últimos elegeram e empossaram extra-oficialmente Paes de Andrade, forçando logo depois Paes Barreto à reuniciar ao cargo, em 1824.

Os monarquistas apelaram ao governo central, e dois navios de guerra foram enviados sob o comando do inglês John Taylor para bloquear o porto de Recife e fazer cumprir a lei. Os liberais, porém, não se intimidaram, e incitaram um estado de rebelião alegando que preferiam a morte e a guerra à reempossar Paes Barreto. Para evitar um conflito, D. Pedro I nomeou um novo presidente, o moderado José Carlos Mayrink da Silva Ferrão, à quem os liberais expulsaram antes que pudesse tomar posse, mandando-o de volta ao Rio de Janeiro. Apesar da afronta, a flotilha partiu para o sul com receio de um ataque naval português, devido à Guerra da Independência Brasileira.

Auge e Queda

No dia seguinte à partida do comandante Taylor e seus navios, Paes de Andrade declarou a independência de Pernambuco, e convidou todas as províncias que anteriormente faziam parte de Pernambuco, sendo elas Alagoas, Sergipe, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, conseguindo a adesão das três últimas para a formação da Confederação do Equador, que em seguida declarou sua independência, tendo Recife como capital.

Apesar do apoio de figuras importantes como os religiosos Frei Caneca, Padre Mororó e do poeta Natividade Saldanha, logo surgiram dissidências no movimento, especialmente frente à proposta de Paes de Andrade de libertar os escravos, seguindo o exemplo da Revolução Haitiana, medida que indignou as elites latifundiárias pernambucanas, e motivou muitos de seus membros a colaborarem com as expedições punitivas imperiais.

Em agosto e setembro de 1824 foram enviadas diversas expedições militares contra os estados da Confederação, onde os revolucionários, mesmo armados, eram numericamente muito inferiores, e em meados de novembro caiu o último estado confederado, o Ceará. Grande parte das lideranças revolucionárias foram capturadas e sentenciadas à morte, e os que sobraram, ao saber do destino de seus compatriotas, se isolaram no sertão e muitos lutaram até a morte.

Bibliografia
  • DOHLNIKOFF, Miriam. Pacto Imperial: Origens do Federalismo no Brasil do séc. XIX.

Pedro Padovani

História - USP

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