Revolução Pernambucana

A chamada "Revolução Pernambucana", também conhecida como "Revolução dos Padres", foi uma revolta ocorrida no nordeste brasileiro, caracterizada por ser parte de uma série de "movimentos autonomistas", de caráter republicano e nativista, já que se opunha ao governo português. A revolta visava a independência da colônia e a proclamação da república, medidas foram levadas à cabo com a criação da República Pernambucana.

Causas da Revolução Pernambucana

As causas da revolta são muitas, mas podem ser atribuídas a três fatores principais:

  • A vinda da família real portuguesa ao Brasil, fugindo da invasão de Portugal pelos franceses;
  • A má situação econômica dos produtos produzidos em Pernambuco, principalmente no campo da exportação;
  • A profunda influência das idéias revolucionárias francesas nos setores intelectualizados da província.

Algumas das causas mais diretas ligadas à esses fatores são:

  • O descontentamento das forças armadas e dos funcionários públicos, que foram reorganizadas por ordem real de modo a reservar as posições de alto comando (no caso do exército e da marinha) ou de alto cargo (no caso da administração pública) à nobres portugueses;
  • A cobrança de impostos nacionais que somente beneficiavam certas regiões do país, como o imposto geral para cobrir os gastos de iluminação pública do Rio de Janeiro;
  • A seca de 1816, que agravou ainda mais a situação dos produtos pernambucanos, principalmente o açúcar e o algodão, frente à seus concorrentes;
  • As pressões inglesas para o fim do tráfico de escravos, que ia progressivamente encarecendo a mão-de-obra dos latifúndios.

A Revolução

Nessa conjuntura, começa a revolta quando, em 1807, um grupo de rebelados, entre eles o regimento de artilharia do capitão José de Barros Lima, apelidado "o Leão Coroado", toma Recife à força, e prende os principais representantes do governo, entre eles o governador da província, Caetano Pinto de Miranda Montenegro.

Então, apoiando-se nas lideranças civis de Domingos José Martins e Antônio Carlos de Andrada e Silva, e com o apoio de Frei Caneca e de segmentos da Igreja Católica, os rebelados apossam-se do tesouro da província e usam-no para proclamar a Repúlica Pernambucana em 7 de março de 1817. Em 29 de março é convocada a Assembléia Constituinte, que estabelece a separação dos três poderes, um conselho de representantes eleitos de todas as comarcas, a liberdade de culto e de imprensa, e a abolição dos impostos nacionais.

Em abril de 1817, os revolucionários enviaram emissários às outras províncias, com o intuito de angariar apoio à revolta, contra qual uma reação do governo, na forma de uma expedição militar, já ia se ensaiando. Em maio, foi enviado como embaixador Antônio Gonçalves Cruz aos Estados Unidos com o objetivo de comprar armas e contratar mercenários para auxiliar no combate pela Revolução, e recrutar alguns oficiais exilados de Napoleão para libertá-lo da ilha de Elba, de forma que pudesse lutar pelos revolucionários antes de retomar o trono francês.

Queda e Consequências da Revolução Pernambucana

As missões enviadas em busca do apoio das províncias falharam, salvo pela breve tomada de Natal pelo latifundiário André de Albuquerque Maranhão, que durou apenas poucos dias devido à falta de apoio dos outros setores do Rio Grande do Norte. Uma expedição então enviada da Bahia pelo governador, o Conde dos Arcos, tomou as principais vilas do interior e, apesar das baixas sofridas na batalha de Ipojúca, cercou Recife no início de maio. Com a chegada de reforços na forma de um destacamento naval do Rio de Janeiro, que bloqueou o porto da capital pernambucana, Recife foi evacuada, e tomada em 19 de maio sem resistência. Os mercenários americanos e os ex-oficiais de Napoleão só chegaram meses mais tarde, e foram presos imediatamente ao desembarcarem.

Para coibir futuras revoltas, a província de Pernambuco foi desmembrada, passando a se dividir nas províncias da Paraíba, do Ceará e de Alagoas, além da muito encolhida província de Pernambuco. O acontecimento também serve para ilustrar o grande alcance que tiveram as ideias iluministas da Revolução Francesa no Brasil da época.

Bibliografia
  • BOXER, Charles., The Portuguese Seaborne Empire.

Pedro Padovani

História - USP

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