Questões sobre filosofia antigas baseadas no livro de Marilena Chauí.
Assinale a alternativa que NÃO CORRESPONDE a uma condição história para o surgimento da filosofia:
O surgimento da vida urbana: com predomínio do comércio e do artesanato, desenvolvendo técnicas de fabricação e de troca e diminuindo o prestígio das famílias aristocráticas proprietárias de terra, por quem e para quem os mitos foram criados (...)
A invenção do calendário: que é uma forma de calcular o tempo segundo as estações do ano, as horas do dia, os fatos importantes que se repetem, revelando, com isso, uma capacidade de abstração nova, ou uma percepção do tempo como algo natural.
A invenção da moeda: que permitiu uma forma de troca que não se realiza como escambo ou em espécie , e sim uma troca abstrata, uma troca feita pelo cálculo do valor semelhante das coisas diferentes.
A invenção da escrita alfabética: revela o nascimento da capacidade de abstração e de generalização, uma vez que a escrita alfabética ou fonética oferece um sinal ou signo abstrato (uma palavra) da coisa que está sendo dita.
A invenção do poder: o poder e o governo eram exercidos como autoridade absoluta da vontade pessoal e arbitrária de um homem só ou de um pequeno grupo de homens.
Quem narra o mito?
O poeta-rapsodo.
O filósofo.
O sofista.
Os deuses.
Os sacerdotes.
Qual o item que corresponde a uma das maneiras principais pelas quais o mito narra a origem do mundo e de tudo o que nele existe?
A narração da origem é uma explicação de como as coisas foram criadas a partir do nada, sem nenhuma origem divina.
Havendo alguma rivalidade ou uma aliança entre os deuses que faz surgir alguma coisa no mundo.
O mito narra uma batalha entre as forças da natureza com o objetivo de dar origem a tudo que há.
Quando há uma aliança entre os homens abre-se aí, então, a possibilidade do vir a ser de todas as demais coisas.
Os mitos contam sem rivalidades ou alianças, sem genealogias, sem recompensas ou castigos, o modo como os deuses tornaram-se em tudo que existe.
Qual significado de cosmogonia?
É a narrativa rigorosa, minuciosa, de como os deuses agem, se relacionam, punem e premiam os seres humanos.
É a narrativa fantástica acerca dos feitos dos grandes heróis e dos deuses gregos.
É a narrativa científica acerca do funcionamento de tudo que há no cosmos.
É a narrativa sobre o nascimento e a organização do mundo a partir de forças geradoras (pai e mãe) divinas.
E a narrativa da origem dos deuses a partir de seus pais e antepassados.
Sobre a originalidade grega em relação a outras culturas do Oriente Antigo podemos afirmar que:
Em relação aos mitos: ao compararmos os mitos orientais, cretenses, micênicos, minoicos e os que aparecem nos poetas Homero e Hesíodo, vemos que eles adicionam aspectos apavorantes e monstruosos dos deuses e do início do mundo.
Aquilo que os egípcios criaram como matemática, os gregos transformaram em agrimensura, contar e calcular, transformaram a astronomia em astrologia.
Humanizaram os deuses e divinizaram os homens: deram racionalidade a narrativa sobre as origens das coisas, dos homens, das instituições humanas.
Os gregos inventaram a política, porque não separavam o poder político de duas outras formas tradicionais de autoridade: o poder privado e o poder religioso.
Os gregos inventaram a ideia oriental de razão como um pensamento sistemático que segue necessariamente regras, normas e leis particulares.
Quais as diferenças entre o mito e a filosofia?
A filosofia pretendia narrar como as coisas eram ou tinham sido no passado imemorial; o mito se preocupa em explicar como e por que as coisas são como são.
O mito explica a produção natural das coisas por elementos naturais primordiais, por meio de causas naturais e impessoais; a filosofia narrava a origem por meio de genealogias e rivalidades ou alianças.
O mito se preocupava sobremaneira com contradições, com o fabuloso e incompreensível; a filosofia tolerava contradições, coisas inexplicáveis, crenças religiosas.
Por exemplo: o mito falava nos deuses Urano, Ponto e Gaia e narrava a origem dos seres celestes, terrestres e marinhos; a filosofia explica o surgimento do céu, do mar e da terra e dos seres pela combinação e separação dos quatro elementos.
O mito pretendia narrar eventos com passado, presente e futuro bem definidos, claramente explicitados; a filosofia tratava de eventos sem preocupação com o tempo no qual ocorriam os fenômenos e as ações humanas e divinas.
Como são as escritas alfabéticas?
Cada sinal corresponde a uma coisa ou ideia.
As letras são independentes e podem ser combinadas.
O signo representa a coisa assinalada.
A escrita alfabética traz em si algo de divino.
Aquilo que a palavra designa equivale a uma imagem desta coisa.
Assinale a alternativa que corresponde a um dos aspectos da invenção da política que é decisivo e novo para o nascimento da filosofia:
A figura do poeta-vidente, que recebia das deusas ligadas à memória uma iluminação divina ou uma revelação sobrenatural, dizia aos homens quais eram as decisões dos deuses.
Com a pólis, cada ser humano tinha o direito se manifestar, emitir em público a sua opinião, discuti-la com outros, persuadi-los a tomar uma decisão que estivesse em acordo com a vontade dos deuses.
A política, ao valorizar o humano, o pensamento, a discussão, a persuasão e a decisão racional, valorizou o pensamento mítico e criou condições para que surgisse o discurso filosófico tal qual conhecemos da antiga Grécia.
A ideia de que um pensamento precisasse ser traduzido pelos aristocratas, ou seja, os melhores, foi um fator fundamental para o surgimento e o desenvolvimento da classe dos filósofos esclarecidos.
O aspecto legislado e regulado da cidade servirá de modelo para a filosofia propor o aspecto legislado, regulado e ordenado do mundo como um mundo racional.
Quais os principais traços que definem a atividade filosófica na época de seu nascimento (assinale a alternativa na qual aparece um desses traços):
Aceitação de explicações preestabelecidas.
A recusa ao debate e à argumentação racional.
O fato do homem ser um animal tal qual os outros.
Capacidade racional de realizar a síntese.
Capacidade de generalização, ou seja, de análise.
Do legado filosófico podemos destacar:
A ideia de que a razão também opera obedecendo a princípios, leis, regras e normas universais e necessários, com os quais podemos distinguir o verdadeiro do falso.
A ideia de que o conhecimento é algo que alguém impõe a outros, tendo que ser compreendido por todos, graças ao status que determinada possui.
A ideia de que a natureza segue uma ordem casual, acidental. A ideia de que ela opera segundo as leis e princípios próprios do acaso - não poderiam ser outros ou diferentes do que são.
A ideia de que as práticas humanas estão sujeitas a uma infinidade de causalidades e ao mesmo tempo à vontade dos deuses que chega a ser impossível pensar na liberdade humana.
A ideia de que os seres humanos se auto-enganam, agindo de maneira cega, comandados por forças extranaturais secretas e misteriosas - daí que derivam seus valores e sentidos.