A narração é um texto onde a imaginação é predominante devido à necessidade de criação de personagens, enredo, lugares e situações para narrar uma história, verídica ou não. É, basicamente, uma sequencia de fatos contados onde personagens movimentam-se pelo tempo e pelo espaço, passando por uma série de ações que as encaminham ao desenlace.
Por ser um texto onde a imaginação é predominante, a narração não pede um posicionamento firme e permite diálogos com o leitor, dependendo da história que está sendo contada. A linguagem também pode ser mais informal de acordo com o que está sendo contado. Por exemplo, ao narrarmos uma história passada no interior, é totalmente permitido e livre o uso de termos e estilos de linguagem próprios do interior.
Se, por um lado, temos esta liberdade de criação, por outro existe uma sequência estrutural básica composta por introdução, desenvolvimento e conclusão, que levanta os questionamentos básicos para montar a narrativa: com quem aconteceu? Quando aconteceu? Onde? Como? Por que? Causa e consequência.
Além dessa estrutura básica, existe uma série de elementos essenciais à construção da narrativa: enredo, personagens, tempo, espaço, narrador, clímax e desenlace.
O enredo é a sequencia de acontecimentos que formam a história. Podemos dividi-lo em dois tipos: linear e não linear.
O enredo linear é aquele em que temos o começo, o meio e o fim da história obedecendo a uma sequencia cronológica de ações.
O enredo não linear é aquele em que a sequencia cronológica é quebrada, trazendo à tona cortes temporais, saltos na sequencia de ações, fatos omitidos, acontecimentos que são sugeridos pelo enredo, mas que não são contados.
As personagens, por sua vez, possuem dois núcleos: as principais, que envolvem protagonistas e antagonistas e as secundárias, que não possuem tanto destaque, mas são parte importante na construção da ficção, uma vez que elas também sofrem e praticam as ações da narrativa.
Estas personagens são construídas de acordo com o ser humano, podendo mostrar na narrativa sua aparência física, personalidade, idade, peso, altura, etc, de forma a tornar a narrativa mais próxima do real. A caracterização destas personagens deve ficar clara durante a leitura: se temos uma personagem ambiciosa que fará tudo o que quer para atingir seu objetivo, ela deve se mostrar deste jeito, uma vez que ela é parte da trama e, provavelmente, será ela que promoverá uma série de acontecimentos importantes no enredo.
O narrador é a parte mais importante da narrativa, pois é ele quem vai ditar todos os acontecimentos do enredo de uma história de acordo com o seu ponto de vista, sendo tão imaginário quanto os personagens. A partir do narrador temos o conceito de foco narrativo, que é importante para determinar o ponto de vista do qual a história está sendo contada.
Se temos um narrador em primeira pessoa, o chamado narrador-personagem (ou personagem-narrador), temos uma história onde este narrador é parte importante e seu ponto de vista em relação à alguns acontecimentos do enredo torna-se duvidoso por tratar-se de uma visão própria e pessoal deste narrador.
Podemos ter também um narrador em terceira pessoa e, com este foco na terceira pessoa, temos: o narrador observador, que é aquele que conta a história de acordo com o que vê, sem saber mais do que está observando; e ainda temos o narrador onisciente, o qual conta a história sabendo muito além do que observa, tendo acesso ao pensamento e sentimento das personagens.
O espaço é o ambiente em que a ação ocorre. É um elemento imprescindível numa narração para ajudar o leitor a visualizar onde a ação se passa de modo a facilitar a imaginação do que está ocorrendo. Há um certo desprezo quanto à caracterização de espaço, mas é necessário que ele exista, de modo a dar mais veracidade ao texto.
Numa narrativa curta pode-se trabalhar com um espaço mais “funcional”, sem tanta riqueza de detalhes. É apenas um cenário em que a ação se desenrola. Podemos dizer que a história se passa no campo, mas sem nos prendermos tanto à infinidade de elementos que o compõem.
O tempo também é imprescindível na narração. Podemos optar pelo tempo cronológico, obedecendo uma sequencia linear de acontecimentos que podem ser medidos por horas, dias ou meses; ou podemos optar pelo tempo psicológico, mostrando ações sentidas pelas personagens em determinados momentos sem, no entanto, existir uma marcação cronológica e fixa destes acontecimentos, tornando o desenvolvimento dos fatos não linear.
O clímax e o desenlace da narração formam a conclusão dos acontecimentos: o clímax é o ponto alto da narrativa, onde os acontecimentos encaixam-se e encaminham se para o desenlace, que é a resolução, a resposta a todos os fatos e ações apresentados ao longo da narrativa.