Publicado em 1880 em folhetim, na Revista Brasileira, por Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas foi o marco da inauguração do Realismo no Brasil. O livro, narrado em primeira pessoa, é a autobiografia de Brás Cubas, que escreve suas memórias depois de morto, trazendo a ideia do defunto autor e inovando no tema. Além das memórias de Brás Cubas, vemos também uma narrativa cheia de ironias, que traz à tona a sociedade carioca do século XIX, permitindo uma análise crítica de vários aspectos desta.
A obra possui dois tempos: o psicológico e o cronológico. O tempo cronológico diz respeito à sequencia da vida de Brás Cubas, narrada de forma linear – infância, juventude, viagem à Coimbra, volta ao Brasil, morte. O tempo psicológico, por sua vez, não é linear, permitindo ao autor contar a história à sua própria maneira, fazendo manipulações e interrupções, o que também causou inovação no estilo de narrativa.
Sem grandes acontecimentos, a obra começa narrando a infância de Brás Cubas. Nascido em família rica, no Rio de Janeiro, tinha uma irmã e era mimado pelos pais. Tinha também um "brinquedo", o negrinho Prudêncio, alvo de suas traquinagens. Arteiro e irresponsável, Brás Cubas chega à juventude e se apaixona por Marcela, uma cortesã – algo que é apenas sugerido, nunca dito explicitamente - a quem enche de presentes, gastando parte do dinheiro da família.
A partir dessa situação, o pai de Brás Cubas não via outra saída para o filho, então mandou-o para a Europa com o objetivo de estudar leis, uma situação comum na alta sociedade carioca da época. Contrariado, Brás Cubas segue para a universidade em Coimbra, mas a viagem é triste, pois Marcela não foi despedir-se dele. Passada a tristeza, Brás Cubas viveu um tempo em Coimbra e adquiriu seu diploma. Sem inaptidão para o trabalho, a vida de Brás Cubas continuaria a mesma de antes da universidade, quando vivia apenas com o dinheiro dos pais.
A volta ao Brasil se dá porque o pai o chama de volta, caso contrário não veria mais sua mãe viva, o que acontece de fato, já que, dias após o retorno ao Brasil, a mãe de Brás Cubas morre. Após a morte da mãe, o pai aconselha-o a seguir carreira política e o casamento. Acatando a decisão do pai, Brás Cubas é apresentado à Virgília, parente de um ministro da corte.
Sua paixão, no entanto, acaba sendo por Eugênia, moça coxa, filha de uma conhecida da família, que cuidava da mãe de Brás Cubas. O fato de ser coxa, no entanto, inviabilizou o romance pela parte do rapaz, que escolheu Vírgilia. Nessa altura, porém, o plano já estava condenado, pois a moça se casou com outro homem.
Após estes acontecimentos, o pai de Brás Cubas falece, o que acarreta em uma briga com a irmã por causa da herança. Passada a briga, Brás Cubas volta a morar sozinho, escrevendo versos, o que lhe faz ter contato com um homem chamado Luiz Dutra, que acaba informando a Brás Cubas a notícia da chegada de Virgília e do marido. A partir daí há o início de um romance com a moça. Na mesma época, Brás Cubas também reencontra um amigo de infância, Quincas Borba.
O romance com Virgília acaba sendo descoberto, o que fortaleceu ainda mais a paixão dos dois. A moça acaba grávida, mas perde o bebê. Depois de um tempo, o romance com Virgília termina. Nesta altura, Brás Cubas e a irmã já haviam feito as pazes e ela buscava uma noiva para o irmão.
Há ainda um novo reencontro com Quincas Borba, que já estava transformado devido à uma herança. Foi nesta época que ambos entraram em um estudo sobre a filosofia humanitista. Na mesma época, a irmã de Brás já havia arrumado uma noiva para o irmão, mas quando estava para firmar o compromisso a moça faleceu e, a partir dai, Brás juntou-se a Quincas e ambos continuaram a desenvolver a filosofia humanitista.
Brás Cubas ainda candidatou-se a um cargo político e criou um jornal, mas os planos não deram certo. Próximo de morrer, Brás Cubas viu o amigo Quincas falecer. Assim, o personagem morre, mas se vangloria por ter tido uma vida parasitária, sem trabalho e também por não ter deixado nenhum filho no mundo.
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