Urbanização é conceito dado ao fenômeno do crescimento contínuo da população urbana perante a população rural. Desse modo, com uma população urbana de 84,4%, segundo o Censo 2010 do IBGE, afirma-se que o Brasil, atualmente, é um país urbanizado.
O início do processo de urbanização em território brasileiro iniciou-se nos séculos XVII e XVIII com a fundação de inúmeras vilas e das principais cidades da época: São Paulo, Rio de Janeiro, Olinda e etc.. Durante esse período os barões e senhores de engenho migraram suas residência para as cidades, somente retornando às suas propriedades para fiscalização e nas épocas de colheita.
Durante o século XIX e início do XX, o índice urbano cresceu moderadamente até a década de 20, quando iniciou o processo de estruturação e industrialização nas principais cidades daquele momento. As grandes cidades se transformaram em metrópoles da época, sendo responsáveis por grande parte da economia nacional e principal fonte de empregos.
O período pós-guerra instaurou uma grande mudança no cenário nacional. A industrialização local foi incrementada com a chegada de empresas multinacionais e a modernização das nacionais, que culminou na intensificação do mercado interno e em uma sociedade fundamentada no consumo. Nesse período o governo iniciou o projeto da construção de Brasília, aliado a uma política de popularização do território brasileiro, que era concentrado nas grandes metrópoles do sudeste e certas capitais nordestinas. Além dos motivos citados anteriormente, devem ser ressaltadas as péssimas condições socioeconômicas da população rural, ocasionadas pela concentração fundiária e a falta de apoio governamental aos pequenos e médios agricultores.
Urbanização | Sudeste | Sul | Centro-Oeste | Norte | Nordeste |
---|---|---|---|---|---|
1950 | 44,5% | 29,5% | 24,4% | 31,5% | 26,4% |
1970 | 72,7% | 44,3% | 48% | 45,1% | 41,8% |
2000 | 90,5% | 80,9% | 86,7% | 69,9% | 69,1% |
2010 | 92,9% | 84,9% | 88,8% | 73,5% | 73,1% |
O golpe militar de 1964 foi um marco para a urbanização brasileira. O Estado fortalece os investimentos industriais e promove a chegada de mais empresas multinacionais ao país, aquecendo como nunca o mercado interno e elevando o país a um papel de destaque como exportador. O fortalecimento da indústria e o consequente aumento da concentração de renda nos polos urbanos geram uma crescente migração para as cidades, principalmente para as da região Sudeste que recebiam maiores investimentos federais. Seis anos após o golpe, pela primeira vez na história, a população brasileira se fundamenta como urbana, ou seja, a população urbana supera a população rural.
Com o intenso e contínuo fluxo urbano, a precarização do sistema de transporte público e o desenvolvimento do sistema econômico capitalista, se desenvolveram, durante os anos setenta, as primeiras favelas brasileiras, que apenas cresceram a partir desse momento. Hoje, no ápice da urbanização brasileira, existem mais de três mil favelas espalhadas pelo território nacional.
Junto com o desenvolvimento urbano, diversos problemas sociais foram evidenciados e intensificados. Cada vez mais, pessoas de baixa renda migram à metrópoles em busca de trabalho e uma melhor vida, porém terminam por viver em condições degradantes com péssimos sistemas de saúde e educação. Essas péssimas condições ocasionam diversos problemas sociais, como a criminalidade. Além disso, há a crescente poluição gerada pelas indústrias e os milhões de veículos que circulam pelas metrópoles e megalópoles diariamente.
Atualmente, na região Sudeste ocorre um processo “inverso”. Há algumas décadas atrás, milhares de pessoas de outras regiões migraram ao Sudeste em busca de emprego e melhores condições de vida, porém com a intensificação dos problemas sociais, milhões de pessoas estão retornando à sua região ou migrando para outras regiões brasileiras. Ressalta-se que esse processo não é predominante, ou seja, ainda persiste uma crescente taxa de migração a São Paulo, por exemplo, porém essa taxa atualmente é muito menor do que nos anos anteriores.