Revolução Praieira

A Revolução Praieira, também chamada Insurreição Praieira, foi uma das muitas revoltas ocorridas na antiga província de Pernambuco. Foi uma revolta de caráter socialista e anti-monarquista, que procurava mudar radicalmente o cenário político e social do Brasil, e durou de 1848 a 1850.

Causas da Revolução Praieira

As principais causas da Revolução Praieira foram sobretudo econômicas, mas eram percebidas como consequências de características políticas do Segundo Reinado, como o poder moderador, o que canalizou a força do movimento na luta por mudanças nesse sentido. Algumas características da crise econômica pernambucana já vinham de longa data, e foram causas de muitas outras revoltas. Entre estas estão a crise dos preços do açúcar devido a concorrência internacional e a dependência da situação econômica em relação a estes, e a opressão sobre os pequenos agricultores, que não podiam sustentar-se e acabavam em posição de dependência ou mesmo escravidão por dívidas em relação aos grandes latifundiários. Outras foram novas consequências dessas velhas condições, como o êxodo rural maciço devido à crise no campo e, devido à essa nova demanda, o aumento nos preços dos alimentos e outros itens de primeira necessidade.

A Revolução

O estopim da revolução acabou sendo a deposição, por parte do imperador D. Pedro II, do presidente (governador) da província, Antônio Pinto Chicorro da Gama, que era um liberal e trabalhava no sentido de conter o poder dos latifundiários e melhorar a situação dos comerciantes locais e pequenos agricultores. Uma vez deposto, foi substituído com apoio dos latifundiários por Pedro de Araújo Lima, o Visconde de Olinda, que era extremamente conservador. Pouco depois da deposição deste, em abril de 1848, os setores mais radicais do Partido Liberal, ao qual pertencia Chicorro da Gama, reuniram-se na sede de sua principal publicação, o Diário Novo, para denunciar a arbitrariedade imperial e conclamar uma revolução.

A resposta ao chamado dos "Praieiros" (assim chamados devido à localização do Diário Novo, na rua da Praia) veio só em setembro, com a revolta do general José Inácio de Abreu e Lima, que juntamente com elementos do Partido Liberal iniciaram uma revolta em Olinda, que logo se espalhou pela zona da mata pernambucana, forçando a fuga do então presidente da província, o moderado Herculano Ferreira Pena, que substituiu Araújo Lima numa tentativa de apaziguar os setores locais.

Em janeiro de 1849, já relativamente consolidados, os rebeldes proclamaram um manifesto que pretendiam transformar numa base para uma nova constituição brasileira. O manifesto advogava as seguintes medidas: A implantação do sufrágio universal, a liberdade de imprensa, o direito à um emprego e a salários dignos, a independência dos poderes, a extinção do poder moderador, a federalização do Brasil, e a extinção da lei do juro e do recrutamento militar.

Nota-se que nenhuma das medidas visava aplicar-se a população escrava, já que os escravos não eram cidadãos brasileiros.

Auge e Queda

Após a proclamação do manifesto, a revolta ganhou amplo apoio dos pequenos agricultores e pecuaristas, dos escravos libertos e da população pobre das cidades. Com mais de 2.000 homens em armas marcharam sobre Recife em fevereiro de 1849, mas foram rechaçados pelo exército imperial. A província foi pacificada em fins de 1849, depois que os rebeldes perderam as batalhas de Água Preta e Igaraçu para as forças do brigadeiro José Joaquim Coelho.

O destino dos rebeldes dependeu em grande parte de sua posição social: os mais ricos e influentes, em geral latifundiários e políticos liberais, foram anistiados assim que a pacificação da província foi dada por completa, em 1851. Os pequenos agricultores, pobres urbanos e negros libertos foram mortos ou recrutados a força para servir no exército e compensar as baixas sofridas ao reprimir a rebelião.

Bibliografia
  • PESSOA DE MELLO, Urbano Sabino. Apreciação da Revolta Praiera em Pernambuco.

Pedro Padovani

História - USP

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