84 (FUVEST 2013 - Primeira Fase)

Morro da Babilônia

À noite, do morro
descem vozes que criam o terror
(terror urbano, cinquenta por cento de cinema,
e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na língua [geral).

Quando houve revolução, os soldados se espalharam [no morro,
o quartel pegou fogo, eles não voltaram.
Alguns, chumbados, morreram.
O morro ficou mais encantado.

Mas as vozes do morro
não são propriamente lúgubres.
Há mesmo um cavaquinho bem afinado
que domina os ruídos da pedra e da folhagem
e desce até nós, modesto e recreativo,
como uma gentileza do morro.

(Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo.)

Leia as seguintes afirmações sobre o poema de Drummond, considerado no contexto do livro a que pertence:

  1. No conjunto formado pelos poemas do livro, a referência ao Morro da Babilônia – feita no título do texto – mais as menções ao Leblon e ao Méier, a Copacabana, a São Cristóvão e ao Mangue, – prsentes em outros poemas –, sendo todas, ao mesmo tempo, espaciais e de classe, constituem uma espécie de discreta topografia social do Rio de Janeiro.
  2. Nesse poema, assim como ocorre em outros textos do livro, a atenção à vida presente abre-se também para a dimensão do passado, seja ele dado no registro da história ou da memória.
  3. A menção ao “cavaquinho bem afinado”, ao cabo do poema, revela ter sido nesse livro que o poeta finalmente assumiu as canções da música popular brasileira como o modelo definitivo de sua lírica, superando, assim, seu antigo vínculo com a poesia de matriz culta ou erudita.

Está correto o que se afirma em

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85 (FUVEST 2013 - Primeira Fase)

Morro da Babilônia

À noite, do morro
descem vozes que criam o terror
(terror urbano, cinquenta por cento de cinema,
e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na língua [geral).

Quando houve revolução, os soldados se espalharam [no morro,
o quartel pegou fogo, eles não voltaram.
Alguns, chumbados, morreram.
O morro ficou mais encantado.

Mas as vozes do morro
não são propriamente lúgubres.
Há mesmo um cavaquinho bem afinado
que domina os ruídos da pedra e da folhagem
e desce até nós, modesto e recreativo,
como uma gentileza do morro.

(Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo.)

Guardadas as diferenças que separam as obras a seguir comparadas, as tensões a que remete o poema de Drummond derivam de um conflito de

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86 (FUVEST 2014 - Primeira Fase)

Revelação do subúrbio

Quando vou para Minas, gosto de ficar de pé, contra a [vidraça do carro1,
vendo o subúrbio passar.
O subúrbio todo se condensa para ser visto depressa,
com medo de não repararmos suficientemente
em suas luzes que mal têm tempo de brilhar.
A noite como o subúrbio e logo o devolve,
ele reage, luga, se esforça,
até que vem o campo onde pela manhã repontam [laranjais
e à noite só existe a tristeza do Brasil.

1: carro: vagão ferroviários para passageiros.

Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo, 1940.

Para a caracterização do subúrbio, o poeta lança mão, principalmente, da(o)

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87 (FUVEST 2014 - Primeira Fase)

Revelação do subúrbio

Quando vou para Minas, gosto de ficar de pé, contra a [vidraça do carro1,
vendo o subúrbio passar.
O subúrbio todo se condensa para ser visto depressa,
com medo de não repararmos suficientemente
em suas luzes que mal têm tempo de brilhar.
A noite como o subúrbio e logo o devolve,
ele reage, luga, se esforça,
até que vem o campo onde pela manhã repontam [laranjais
e à noite só existe a tristeza do Brasil.

1: carro: vagão ferroviários para passageiros.

Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo, 1940.

Considerados no contexto, dentre os mais de dez verbos no presente, empregados no poema, exprimem ideia, respectivamente, de habitualidade e continuidade

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88 (FUVEST 2014 - Primeira Fase)

Revelação do subúrbio

Quando vou para Minas, gosto de ficar de pé, contra a [vidraça do carro1,
vendo o subúrbio passar.
O subúrbio todo se condensa para ser visto depressa,
com medo de não repararmos suficientemente
em suas luzes que mal têm tempo de brilhar.
A noite como o subúrbio e logo o devolve,
ele reage, luga, se esforça,
até que vem o campo onde pela manhã repontam [laranjais
e à noite só existe a tristeza do Brasil.

1: carro: vagão ferroviários para passageiros.

Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo, 1940.

Em consonância com uma das linhas temáticas principais de Sentimento do mundo, o vivo interesse que, no poema, o eu lírico manifesta pela paisagem contemplada prende-se, sobretudo, ao fato de o subúrbio ser

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89 (FUVEST 2014 - Primeira Fase)

Revelação do subúrbio

Quando vou para Minas, gosto de ficar de pé, contra a [vidraça do carro1,
vendo o subúrbio passar.
O subúrbio todo se condensa para ser visto depressa,
com medo de não repararmos suficientemente
em suas luzes que mal têm tempo de brilhar.
A noite como o subúrbio e logo o devolve,
ele reage, luga, se esforça,
até que vem o campo onde pela manhã repontam [laranjais
e à noite só existe a tristeza do Brasil.

1: carro: vagão ferroviários para passageiros.

Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo, 1940.

No poema de Drummond, a presença dos motivos da velocidade, da mecanização, da eletricidade e da metrópole configura-se como

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90 (FUVEST 2014 - Primeira Fase)

Revelação do subúrbio

Quando vou para Minas, gosto de ficar de pé, contra a [vidraça do carro1,
vendo o subúrbio passar.
O subúrbio todo se condensa para ser visto depressa,
com medo de não repararmos suficientemente
em suas luzes que mal têm tempo de brilhar.
A noite como o subúrbio e logo o devolve,
ele reage, luga, se esforça,
até que vem o campo onde pela manhã repontam [laranjais
e à noite só existe a tristeza do Brasil.

1: carro: vagão ferroviários para passageiros.

Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo, 1940.

Segundo o crítico e historiador da literatura Antonio Candido de Mello e Souza, justamente na década que presumivelmente corresponde ao período de elaboração do livro a que pertence o poema, o modo de se conceber o Brasil havia sofrido “alteração marcada de perspectivas”. A leitura do poema de Drummond permite concluir corretamente que, nele, o Brasil não mais era visto como país

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