Colocação pronominal refere-se à colocação dos pronomes oblíquos átonos numa frase em relação aos termos de uma oração. Juntando-se a um verbo, de acordo com a norma culta da língua, os pronomes átonos assumem diferentes posições em uma frase, dando origem a três tipos de colocação pronominal: próclise, ênclise e mesóclise.
Observação
É importante frisar que não se usa o pronome átono antes do verbo, iniciando uma oração ou período, no entanto, esta forma é muito utilizada informalmente na língua aqui no Brasil.
A próclise ocorre sempre antes do verbo. É a forma mais comum utilizada na língua e seu emprego é obrigatório somente em alguns casos. Como ela pede uma palavra atrativa, seu uso antes do verbo no início da oração não é considerado correto.
Esse tipo de colocação pronominal só será obrigatório se tivermos em uma frase palavras que atraem os pronomes, fazendo com que eles precisem vir antes do verbo. Estas palavras podem ser: negativas (não, nada, nunca, nenhum, jamais, ninguém, etc); advérbios (hoje, lá, talvez, agora, rapidamente, etc); pronomes relativos (que, quem, qual, etc); pronomes indefinidos (tudo, alguém, algum, etc); * conjunções subordinativas (que, como, embora, etc).
A obrigatoriedade também ocorre em orações iniciadas por palavras exclamativas (orações que exprimem um desejo) e interrogativas, nas orações com preposição em + gerúndio e nas orações onde o infinitivo pessoal é precedido por preposição. É preciso ficar atento, pois a obrigatoriedade será anulada se houver pausa após estas palavras atrativas. Confira alguns exemplos:
Caso negativo (palavra negativa + pronome átono + verbo):
Nunca nos pediu nada.
Caso advérbio (advérbio + pronome átono + verbo):
Hoje me ajudam a limpar tudo.
Caso pronome relativo (pronome relativo + pronome átono + verbo):
Esta é a praça onde nos encontraremos amanhã.
Caso pronome indefinido (pronome indefinido + pronome átono + verbo):
Alguns me escutaram, outros não.
Caso infinitivo pessoal (preposição + pronome átono + verbo infinitivo):
Para se desculparem.
Caso interrogativo (palavra interrogativa + pronome átono + verbo):
Quem me ligou hoje?
Caso em + gerúndio (em + pronome átono + gerúndio):
Em se tratando de dinheiro, todos somem.
Há ainda o caso opcional de emprego da próclise: quando o verbo não inicia oração, pode-se usar próclise ou ênclise (pra ter próclise tem que ter palavra que atrai); quando há verbo no infinitivo não flexionado precedido de palavra negativa ou preposição. Exemplos:
É o emprego do pronome após o verbo. Só vai ser obrigatório se o verbo iniciar a oração ou quando o verbo, dentro da oração, for precedido por pausa (vírgula). Exemplos:
Em alguns casos de ênclise, os átonos o, a, os, as sofrem modificações:
Não usar enclise
Há uma proibição quanto à ênclise: se um verbo no futuro iniciar oração, não empregamos esta forma e sim a mesóclise.
É a colocação do pronome quando o verbo está no futuro do presente ou futuro do pretérito desde que não haja nenhuma das palavras que configurem próclise. É uma forma exclusiva da norma culta da língua. Exemplo:
Contar-lhe-emos a verdade amanhã.
Atenção
É importante ressaltar que em nenhum caso de mesóclise o pronome átono virá após o verbo:
Diria-lhe - forma incorreta. Devemos sempre aplicar dir-lhe-ia.
Se o verbo não iniciar oração, o uso da mesóclise é opcional, podendo usar próclise (não se esquecendo da obrigatoriedade se houver uma palavra atrativa). Exemplos:
Primeiramente, vamos definir a construção de uma locução verbal de uma forma simples:
Definição simplificada
Locução verbal = verbo auxiliar + verbo principal (no infinitivo, gerúndio ou particípio)
Nesse caso, o pronome pode vir antes da locução (desde que não inicie oração), entre os dois verbos ou depois da locução (desde que o verbo não esteja no particípio, pois a norma culta não aceita esta construção). Também, os fatores de próclise não influenciam mais na posição do verbo nas locuções: se houver palavra que configure próclise, a locução verbal continuará com sua regra de disposição pronominal. Exemplos:
(UECE-CE) Segue a tradição gramatical a colocação do pronome átono na frase:
(UFAC-1998) Observe o seguinte diálogo entre um rigoroso professor de gramática e uma ex-aluna sua:
– "Professor, aonde o senhor andava, que eu nunca mais lhe vi?"
– "Nem a mim nem à gramática" - respondeu-lhe o mestre, deixando-a um tanto embaraçada por não haver entendido o porquê da resposta.
Com certeza, outra teria sido a resposta do professor, se a pergunta da aluna tivesse sido esta: