Revolução Cubana

A Revolução Cubana, que durou de 1953 a 1959, foi o conflito pelo governo da ilha de Cuba entre as forças no poder, comandadas pelo ditador Fulgêncio Batista, e o exército revolucionário cubano, comandado por Fidel Castro.

Antecedentes e Causas da Revolução Cubana

O então governante de Cuba, o de facto ditador Fulgêncio Batista, foi ele mesmo, em 1933, empossado graças a um golpe de estado, a chamada Revolta dos Sargentos. Esta revolta foi motivada nominalmente pelo descontentamento em relação ao autoritarismo de Gerardo Machando, então presidente e herói da Guerra de Independência, como no caso da censura a imprensa e de seu decreto que impunha a Lei Marcial, efetivamente suspendendo os direitos civis para perseguir opositores. Mas sua perda efetiva de poder foi gerada sobretudo pela influência do diplomata norte-americano Sumner Welles, que, percebendo que as políticas protecionistas de Machado iam contra os interesses das indústrias e comércios estado-unidenses que atuavam na área, financiou e apoio a Revolta dos Sargentos.

Após a revolta, Fulgêncio Batista, que foi empossado comandante das forças armadas, governou através de uma série de presidentes fantoches, que mantinha ameaçados constantemente por seus soldados, até o ano de 1940, onde manipulou as eleições para elege-se presidente. Após 4 anos no governo caracterizados principalmente pela entrada de Cuba na guerra e pelas diversas leis corporativistas, ou seja, que beneficiavam os sindicatos, Batista escolheu como seu sucessor para disputar as eleições de 1944 Carlos Saladrigas Zayas, que havia sido seu primeiro ministro entre 1940 e 1942.

Zayas contudo foi derrotado pelo maior inimigo político de Batista, Ramón Grau San Martín. Antes da posse de San Martín em 1945, Batista limpou os cofres do tesouro cubano e comprou uma casa em Daytona Beach, nos Estados Unidos, onde viveu até 1952. Neste ano Batista retorna ao solo cubano para concorrer novamente à presidência, mas as pesquisas o apontam como tereceiro colocado na disputa. Batista então organiza seus apoiadores e dá um segundo golpe de estado no mesmo ano.

O segundo governo de Batista então, toma uma direção radicalmente diferente: ao invés de apoiar os sindicatos e a classe média-baixa urbana, Batista decide obter os favores da elite cubana e dos Estados Unidos, e efetivamente abre as fronteiras cubanas para todo tipo de atividade de turismo, especulação financeira, exploração da mão-de-obra cubana, que era barata devido as péssimas condições de vida, e até mesmo do crime organizado.

A Revolução

Considera-se que a Revolução Cubana começou em 26 de julho de 1953, quando ocorreu o primeiro ataque ao governo Batista, organizado por Fidel Castro e seu Movimiento Revolucionario 26 de Julio (MR-26-7). Esse ataque se deu na cidade de Santiago, e era um ataque visando dominar o quartel de Moncada e apossar-se de seu estoque de armas. Devido a vários erros de planejamento e desencontro, além do fator numérico, que ia contra os rebeldes num fator de 10 para 1, o ataque foi um fracasso, e Castro foi preso.

Após dois anos preso, Castro foi solto em 1955, e, após perceber que era constantamente vigiado e ameaço pelas tropas de Fulgêncio, fugiu com seu irmão, Raul, para o México. Enquanto isso, o resto da liderança do MR-26 ficou em Cuba para montar células de resistência, preparando-se para o retorno de Castro, sobretudo na cidade de Oriente. Castro permaneceu no México, onde angariou fundos de simpatizantes e comprou o pequeno iate Granma, em péssimas condições, 80 fuzis e duas armas anti-tanque, e partiu para Cuba, juntamente com o irmão e seus dois mais importantes comandados, Ernesto "Che" Guevara e Camillo Cienfuegos.

Castro e os rebeldes foram atacados assim que chegaram em Cuba, e o Granma naufragou num mangue, próxima a praia Las Coloradas. De lá o grupo fugiu para Serra Maestra, e passou a conduzir ataques a bases militares e quartéis próximos para obter armas e suprimentos. Após tomar o posto de guarda de La Plata, Castro mandou assassinar o maior apoiador local de Batista, Chicho Osorio, e assim ganhou o apoio dos locais, que alimentaram e alojaram os rebeldes.

A derrota final de Batista, em 1958, se deu por três principais fatores:

  • A perda do apoio da população, sobretudo em razão da brutal repressão policial contra qualquer um que fosse um suspeito apoiador do MR-26, incluindo torturas, execuções sumárias e até mesmo crucificações;
  • Sua relutância em combater decisivamente o exército revolucionário, o qual por boa parte do conflito ele considerou de pouca importância e de certa forma benéfico, pois lhe permitia impor um estado de sítio e fazer gastos militares de emergência, que ele podia superfaturar ou maquiar com facilidade;
  • E o sentimento anti-Batista que começou a surgiu nos Estados Unidos depois dos relatos da imprensa sobre as atividades do regime, o que levou o governo norte-americano a suspender o envio de armas e dinheiro para apoiar o regime.

Os Estados Unidos então procuraram o general Cantillo, comandante das forças armadas cubanas, e o apoiaram sob a promessa de conter Castro e remover Batista do poder. Cantillo então reuniu-se secretamente com Castro para combinar uma trégua e a entrega de Batista para ser julgado num tribunal popular. Castro concordou, mas Cantillo avisou Batista de suas intenções, o que o permitiu renunciar e fugir do país com boa parte do tesouro cubano, mais de 300 milhões de dólares. Isso causou a retomada da ofensiva rebelde, que finalmente tomou Havana em janeiro de 1959.

Consequências da Revolução Cubana

As principais consequências da Revolução Cubana foram o fortalecimento da posição do bloco soviético na américa, o que levou ao episódio da Crise dos Mísseis (durante a Guerra Fria), e o isolamento da economia cubana do praticamente todo o resto do mundo não-comunista, que até os dias de hoje continuam embargando a economia Cubana.

Logo após a revolução e adoção oficial do Marxismo-Leninismo como doutrina governamental, a U.R.S.S. declarou apoio ao regime cubano, e prontamente pôs se a firmar acordos comerciais e a subsidiá-lo com dinheiro e alimentos, de modo a inspirar outros países da américa latina a seguir seu exemplo. Em troca, os soviéticos decidiram instalar uma base militar capaz de lançar mísseis nucleares que atingiriam rapidamente todo o território dos Estados Unidos. O Estados Unidos então mandaram navios de guerra para cercar a ilha, e ameaçou lançar mão de seu arsenal nuclear e bombardear os soviéticos se eles não desistissem da idéia. Até o eventual abandono do plano soviético, o mundo passou momentos de tensão, a beira de um conflito nuclear que equivaleria, em termos práticos, ao fim do mundo.

Após o fim da União Soviética em 1991, Cuba rapidamente deixou de receber qualquer ajuda ou recursos do exterior, e, com a Federação Russa tornando-se capitalista, o comércio de Cuba virtualmente cessou com o mundo inteiro. Cuba então sofreu de escassez de petróleo e todos os seus derivados, incluindo o plástico, até a ascensão do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Chávez então, em 2000, assinou um acordo comercial em que mandaria em torno de 2.5 barris de petróleo por dia por cada médico que Cuba, uma referência mundial no tratamento do câncer e no desenvolvimento de novas vacinas, mandasse para trabalhar na Venezuela. Após sua eleição, o presidente boliviano Evo Morales também abandonou o embargo e voltou a comerciar com Cuba.

Bibliografia
  • HANSEN, Joseph. Dynamics of the Cuban Revolution.

Pedro Padovani

História - USP

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