Independência do Brasil

Em 1808, quando D. João VI deixou Portugal fugindo dos exércitos napoleônicos para vir governar a partir da colônia do Brasil, esta deixou de ter estatuto de colônia, sendo considerada centro administrativo do Império Português, ou seja, todas as partes do império se submeteriam politicamente e administrativamente à província do Rio de Janeiro, lugar da onde o rei governava. A submissão política das demais províncias brasileiras ao Rio de Janeiro gerou sérios problemas em algumas províncias, visto que a tradição administrativa colonial implicava uma descentralização entre as províncias da colônia, com submissão direta a Portugal. Foi essa relutância de certas províncias de abrir mão de seus interesses particulares para se submeter a um projeto nacional vindo do Rio de Janeiro que marcou todo o processo de Independência do Brasil.

Em 1821, após o regresso de D. João VI para Portugal, sob exigência das cortes revolucionárias que tomavam Lisboa, temeu-se que a ausência do Rei no Brasil tivesse como consequência o retorno do território à condição de colônia, mesmo com a presença do príncipe regente D. Pedro governando o Brasil. Diante disso, as províncias brasileiras enviaram seus representantes para as Cortes Gerais que se declaravam em Lisboa para decidir o futuro da nação portuguesa, entre os representantes estavam políticos ilustres, entre eles o futuro regente Padre Antônio Feijó, representando a província de São Paulo.

Após longas negociações sem avanço nas cortes, em respeito ao estatuto que se daria ao Brasil, se discutiu até a possibilidade de uma monarquia transicional, ou seja, uma monarquia na qual o rei passaria um período de tempo em Lisboa e outro no Rio de Janeiro, o que hoje pode parecer uma coisa simples mas, na época, seria uma mega-operação , visto que as viagens de navio entre a Europa e a América duravam meses. A questão continuou pendente e, em dezembro de 1821, chegam ao Rio de Janeiro ordens da corte para que se encerre a regência e pedindo o retorno imediato do príncipe herdeiro. Após uma intensa mobilização política, na qual se destaca o papel de José Bonifácio de Andrada e Silva como conselheiro de D. Pedro, o príncipe resolve, no dia 9 de Janeiro de 1822, desobedecer a suas ordens e permanecer no Rio de Janeiro, pronunciando sua famosa frase: "Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto. Digam ao povo que fico!", no que foi denominado "Dia do Fico".

O "Dia do Fico" foi praticamente uma declaração de soberania mas, no dia 7 de Setembro de 1822, D. Pedro recebeu uma carta de seu pai pedindo seu retorno e sua submissão às cortes e à constituição, junto dela uma carta de Bonifácio aconselhando o príncipe a desobedecer o pai. Pedro seguiu o conselho de Bonifácio e declarou a independência, com o famoso grito "independência ou morte!". A independência foi declarada e, logo em seguida, começou a guerra.

As províncias insatisfeitas com a submissão ao Rio nos tempos de D. João VI rebelaram-se contra a tentativa de emancipação conduzida pelos cariocas. Em Pernambuco, arranjos políticos impediram que isso acontecesse, enquanto na Cisplatina, atual Uruguai, as tropas imperiais impuseram sua vontade. O mesmo não aconteceu, porém, nas províncias do Maranhão, Piauí, Grão-Pará e, principalmente, Bahia, onde a luta se desenrolou até 1823.

Superadas essas rebeliões, se estabeleceu no Rio de Janeiro um governo central e monarquista, sob a liderança do novo imperador, Pedro I do Brasil.

Bibliografia
  • PRIORE, Mary Del; VENANCIO, Renato Pinto. O livro de ouro da história do Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.

Rafael Ribeiro Andrade

História - USP

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