Brasil na Segunda Guerra Mundial

Apesar de sua participação comparativamente pequena no que foi um conflito de proporções colossais, o Brasil teve um papel muito maior na Segunda Guerra Mundial do que na Primeira Guerra Mundial (ver Brasil na Primeira Guerra Mundial), com a criação de contingentes do Exército e da Força Aérea, na forma da FEB (Força Expedicionária Brasilieira) e da Marinha, na forma do CAAS (Comando Aliado do Atlântico Sul).

Antecedentes e Entrada na Guerra

O Brasil de Getúlio Vargas, o chamado "Estado Novo", vivia uma situação complicada no que tange à política externa em finais de 1930. De um lado, o governo getulista simpatizava com outros governos fascistas, como o da Itália e da Alemanha, e do outro, estava ao alcance de uma grande potência, os Estados Unidos. Sendo assim, tentou ao máximo manter a neutralidade em meio à Segunda Guerra, feito que conseguiu até 1942.

Nos primeiros dias deste mesmo ano, os Estados Unidos ofereceram ajuda financeira e tecnológica para a criação da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), em troca da utilização de bases aéreas pelos aliados no nordeste brasileiro e em Fernando de Noronha. Vargas, recebendo relatórios de que os americanos tinham planos para invadir e ocupar as bases em caso de não colaboração, foi forçado a aceitar, embora reservasse o direito de não declarar guerra ao Eixo. Contudo, os alemães, ao ficarem sabendo da colaboração brasileira, ordenaram o torpedeamento por sua frota submarina de qualquer navio comercial brasileiro destinado aos países aliados, o que resultou no afundamento de 25 navios brasileiros em 1942.

Diante da revolta popular contra o Eixo, Vargas se viu forçado à declarar guerra em agosto, e a Marinha começou a responder aos ataques enquanto era preparada a Força Expedicionária Brasileira, que participaria na ofensiva que sairia de bases no norte africano para atacar a Itália pelo sul.

Participação Militar

A reação da Marinha brasileira consistiu numa série de ataques, à partir de meados de 1942 à submarinos alemães no Atlântico Sul. Entre 1942 e 1945 foram realizados 66 ataques pela Marinha, mas nenhum afundamento foi confirmado. Elementos da FAB operando aviões emprestados pelos Estados Unidos à partir de Fernando de Noronha afundaram 4 submarinos do eixo durante a guerra, 3 alemães e 1 italiano.

A principal participação do Brasil veio na forma da FEB, que embora planejada para entrar em combate na invasão da Itália em 1943, só embarcou em julho de 1944, após o dia D, e entrou em combate em setembro, comandada pelo general João Mascarenhas de Morais. Na região de Lucca, na Toscana, a FEB viu suas primeiras vitórias, ao tomar as cidades de Massarosa, Camaiore e Monte Prano sem grande resistência,e conheceu sua primeira grande batalha contra os alemães em Monte Castello, onde venceu com o apoio da 10ª Divisão Montanhesa americana. Venceu também as famosas batalhas de Montese, Collechio e Fornovo di Taro, apesar de pesadas baixas, e após essas batalhas capturou a 148ª Divisão de Infantaria alemã, a única a ser capturada integralmente em toda a guerra. Ainda no teatro italiano o Brasil também realizou 445 missões aéreas após a criação do 1º Grupo de Caças, conhecido como "Senta a Pua!".

Ao todo, foram enviados entre 1944 e 1945 aproximadamente 25,000 soldados e oficiais do Exército Brasileiro e 48 aviadores, e destes foram mortos aproximadamente 14,000 soldados e 22 aviadores. Os sobreviventes fundaram a Associação de Veteranos da FEB (AVFEB), existente até hoje, para manter viva a memória dos que morreram.

Bibliografia
  • McCANN, Frank. Soldados da Pátria.

Pedro Padovani

História - USP

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