Revolução Industrial

A Primeira Revolução Industrial ocorreu no Reino Unido, em pleno século XVIII. Resume-se a alteração de uma economia fundamentada em produtos agrícolas, para uma industrializada focada na produção de bens de consumo em larga escala. A produção de manufaturas era constituída por pequenos artesões, que determinavam sua jornada de trabalho e fazia a mercadoria como um todo. Com a Revolução Industrial instituiu-se a produção fabril, de propriedade de um capitalista e a incorporação de novas tecnologias de produção, aliadas a uma jornada de trabalho fixa e a divisão do trabalho, ou seja, a produção passou de manual e completa para um modo racional, fragmentado e maquinário.

Após o ocorrido no Reino Unido, a Revolução Industrial se propagou por diversos países europeus, como a França, Rússia e Alemanha. Os Estados Unidos da América foi o único país não europeu a absorver a Revolução.

Segundo diversos autores há muitas razões para essa alteração no processo de produção ter ocorrido em solo inglês. Dentre elas destaca-se: o poderio naval inglês, mão de obra barata e abundante, e uma burguesia influente no governo.

O Reino Unido possuía a marinha mais temida do mundo. Controlava as principais rotas de comércio e possuía diversas colônias. Com suas colônias, automaticamente, resolvia dois dos principais problemas da época: falta de mercado consumidor e acesso a matéria-prima barata.

O Absolutismo inglês promoveu a expulsão de um grande número de camponeses de suas terras, os deixando sem casas e condições de sustento. A instauração das modernas fábricas em Londres promoveu um grande êxodo rural para a cidade, que junto com os camponeses desesperados por sustento se transformaram em uma abundante mão de obra que trabalhava por qualquer salário, já que não havia outra forma de sustento disponível. Os antigos artesões também se englobaram nessa massa posteriormente, já que as fábricas conseguiam produzir o mesmo produto a um preço menor e em menor tempo, engolindo toda produção artesã da região.

A burguesia saiu vitoriosa da Revolução Gloriosa de 1688, que transformou a Inglaterra em um regime parlamentarista, retirando a nobreza do poder e abrindo mais espaço para os desejos dos burgueses possuidores dos meios de produção. Essa ascensão política dos burgueses foi diretamente responsável pelos investimentos nos transportes terrestres, principalmente com as construções das ferrovias, após a invenção da máquina a vapor, que eram importantíssimas para o transporte de mercadorias por todo país e para o litoral, onde seriam exportadas pelos portos ingleses para todo o mundo.

A Primeira Revolução Industrial caracteriza-se, principalmente, pela descoberta do carvão como fonte ativa de energia. Essa descoberta possibilitou a invenção das máquinas a vapor e das ferrovias. As máquinas a vapor dinamizaram a produção de diversos produtos que eram desenvolvidos de maneira artesanal, aumentando a quantidade produzida e diminuindo o tempo de produção por unidade. As ferrovias, como dito anteriormente, eram responsáveis pela distribuição das mercadorias produzidas nas grandes fábricas por todo território inglês e aos portos, onde seriam exportadas para outros continentes e países europeus menos industrializados.

A Revolução Industrial deixou marcas presentes até hoje na sociedade. Intensificou a concentração de renda nas mãos dos grandes capitalistas, uma vez que tira a produção de pequenos e muitos artesãos para colocar nas mãos de grandes e poucos industriais. Além disso, promoveu a miséria de milhares de cidadãos ingleses que eram obrigados a se submeter a jornadas de 14 e 18 horas diárias de trabalho, sem descanso semanal, para receber uma quantia irrisória de salário o que obrigava ao operário a colocar suas esposas e filhos para trabalhar. O trabalho infantil era muito comum na época, porque as crianças aceitavam ganhar menos que os adultos e eram mais dóceis no trabalho, sendo sua regulação mais tranquila do que a dos adultos, que reclamavam e exigiam muito mais.

Bibliografia
  • Primeira Revolução Industrial - Conceitos e Temas
  • ENGELS, Friedrich. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. Ed. José Paulo Netto, São Paulo, Boitempo, 2008, 388p.
  • HOBSBAWM, Eric J. Da Revolução Industrial Inglesa Ao Imperialismo. 6ª Edição, Editora: Forense Universitária, 2009, 349p.

Gustavo Couceiro

Ciências Sociais - Unicamp

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